quarta-feira, 20 de abril de 2011

Malditos coletores de impostos!

Na esteira das sessões do álbum Revolver, mais uma música daquele disco chega aos 45 anos de sua primeira gravação. No dia 20 de abril de 1966, os Beatles gravaram um de seus grandes clássicos.

Taxman foi composta por George em 1966 como uma crítica corrosiva e irada contra o Departamento do Tesouro da Inglaterra que àquela época cobrava impostos exorbitantes, principalmente de quem tinha mais renda. John sugeriu a George que ele citasse na letra o nome de Harold Wilson, Primeiro Ministro britânico (1964-1970) e Edward Heath, o líder da oposição e Primeiro Ministro subsequente (1970-1974). Na letra, ele fala do implacável coletor de impostos, que cobra até o ar que se respira. É a primeira música e única de George a abrir um disco dos Beatles.

No dia 20 de abril, eles começaram a gravar a parte rítmica, o que acabou gerando 11 takes. O take 11, foi o primeiro com vocais (essa versão aparece no álbum Anthology 2). No princípio,  a parte do "Mr. Wilson, Mr. Heath" era entoado como "Anybody got a bit of money?" ("alguém tem um dinheirinho?" numa tradução livre) com vozes de falsete feitas por John e Paul. Foi nesse take que eles acrescentaram a famosa contagem (feita por Paul) da versão final da música. Dois dias depois, Ringo adicionou o cowbell e George gostou de um solo que Paul fez para a música usando escala descendente indiana. Foi a segunda vez que um solo de guitarra feito por Paul figurou numa música dos Beatles e o único numa composição de George.

Ao que parece, esta é uma das composições favorirtas de George en quanto Beatle, pois a incluiu quanto de sua tour conjunta com Eric Clapton no fi dos anos 80. Há muitas versões dela, das quais podemos destacar os covers de Junior Parker, Les Claypool, Stevie Ray Vaughan, Bill Wyman e Black Oak Arkansas. Tom Petty & Heartbreakers a tocaram no inesquecível Concert for George (2002).

Ficha técnica:

George: vocal principal dobrado, guitarra líder
John: guitarra rítmica, backing vocal
Paul: backing vocal, baixo, guitarra líder, contagem no início
Ringo: bateria, pandeiro, cowbell

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/taxman/


Os Beatles e Mr. Harold Wilson


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Chovendo no molhado

Ontem, falamos dos 45 anos da gravação de Paperback Writer e hoje vamos falar sobre o lado B do disco que completa hoje, 14 de abril, 45 anos também.

Rain foi composta por John em 1966 relembrando uma conversa que teve com o amigo e road manager da banda Neil Aspinall sobre a chuva torrencial que caía enquano faziam uma turnê pela Austrália (bem podia falar de nossa São Paulo de antanho, chamada "Terra da Garoa" se John tivesse conhecido a cidade). Segundo John, a música é sobre as pessoas que lamentam estar sob esse clima o tenpo todo. Há quem diga que, á época das sessões do Revolver, o uso de LSD provavelmente foi preponderante para inspirar as músicas compostas por eles. Rain tem um pouco dessa aura lisérgica. Mas ela também pode ser lembrada como uma espécie de precursora do Heavy Metal (a música Helter Skelter de 1968 também tem essa importância). Paul clama parte da ideia em cmpor Rain, embora ela pareça ter saído, de fato da cabeça de John. Veja a letra aqui

Na música, há um "casamento perfeito" entre as seções melódica (as guitarras de John e George muito bem concatenadas, gerando algo único e belo), harmônica (os backing vocals de George e Paul como que "conversando" com o vocal principal de John) e rítmica (o baixo e a bateria num constante "bate papo" que permite às vezes que um sobressaia sobre o outro). Nunca uma música de lado B de um disco chamou tanta atenção quanto o lado A, mais divulgado). Foram necessários dois dias de sessões para finalizá-la.

Assim como Paperback Writer, Rain também teve algumas filmagens promocionais dirigidas por Michael Lyndsay-Hogg e alcançaram muio sucesso em programas de TV como Ready Steady Go.

Há alguns covers da música, do quais poedmos citar os interpretados po Grateful Dead (em seus homéricos shows dos anos 90), Petula Clark e Humble Pie. U2 e Fairport Convention também a gravaram e tocaram em momentos diferentes. Alguém conhece mais alguma? É só postar nos comentários que eu dou o crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: backing vocal, baixo
George: backing vocals, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/rain/

Capa do single Paperback Writer/Rain

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma canção sem amor

Calma que explico. Não é uma música que fale de ódio. Só não há a palavra "amor", muito comum entre músicas dos Beatles. Há 45 anos atrás, no dia 13 de abril de 1966, eles entraram em estúdio para gravar o seu álbum Revolver e numa dessas sessões acabaram gravando a música Paperback Writer para um single lançado naquele ano.

Paperback Writer (escritor de livro de bolso, numa tradução livre) foi composta por Paul em 1966 e seguia a pretensão que ele e John tinham de compor músicas com uma única nota e com quase nehuma variação na tonalidade, algo que eles tiveram êxito em The Word (que também fez parte das sessões do álbum Revolver). Já a letra teve a inspiração de um artigo que Paul havia lido no jornal inglês Daily Mail falando sobre aspirantes a escritores. Ele a teria escrito enquanto estava se dirigindo à casa de John em Weybridge. Quando encontrou o parceiro tinha a ideia pronta de escrever a letra da música como se fosse uma carta. Alguns destaques da música são: a harmonização a três vozes, o vocal de apoio de uma das estrofes onde eles cantam a cantiga infantil francesa Frère Jacques (uma reminscência de My Bonnie?) e a cozinha rítmica nota 10 de Paul/Ringo.

Desde que os Beatles assinaram contrato com a Parlophone, ficou acertado entre Brian Epstein (empresário da banda) e George Martin (produtor) que os Fab 4 gravariam uns quatro singles fora dos álbuns lançados em cada ano (além dos singles extraídos desses álbuns). Paperback Writer quebrou esse paradigma e no ano de 1966, foi lançado apenas um single fora do álbum Revolver. Naquela altur,a os Beatles estavam mais centrados na criação e produção musical, deixando os assuntos comerciais em segundo (ou até terceiro) plano. Foi uma das poucas músicas mais elaboradas dos Beatles a serem tocadas ao vivo.

Também, foi uma das primeiras músicas a apresentarem vídeos promocionais, uma vez que a banda havia parado de excursionar e participar de programas de TV em outros países, inaugurando conceito que viria a ser conhecido como video clipe. Michael Lyndsay-Hogg, mais conhecido por dirigir o documentário Let It Be de 1970) foi o diretor dos filmes promocionais de Paperback Writer. Veja clip.

Há versões da música com Bee Gees, The Cowsills e The Sweet. Acredito que existam outras e deixo você, querido leitor, à vontade para falar disso nos comentários. Eu dou o crédito.

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, backing vocal, baixo
John: backing vocal, guitarra rítmica
George: backing vocal, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/paperback-writer/
Capa do single Paperback Writer

terça-feira, 12 de abril de 2011

Seguindo Pistas

Quando Paul sofreu um acidente de moto em 1966 isso abriu margem para o maior folclore da história dos Beatles: a Morte de Paul. O boato era de que teria morrido de forma violenta por causa de tal acidente e foi subsituído por um tal William Campbel ou Billy Shears. Alguns fãs se tornaram "detetives" e passaram a perscrutar os discos dos Beatles à procura de "pistas" sobre o ocorrido. Nossos herois, pra dar umas risadas e curtir com a cara desses paranóicos chamados "Beatle-intérpretes" plantaram as tais "pistas". É disso que trata a música da qual vamos falar neste post.

Glass Onion foi composta por John em 1968, sendo uma das poucas que não foram escritas quando do idílio dos Beatles na Índia, de onde voltaram cheios de ideias para um novo álbum. Ela tem citações de vários clássicos dos Beatles como I'm The Walrus, Lady Madonna, The Fool on the Hill, Fixing a Hole e Strawberry Fields Forever. Cansado das especulações dos Beatles-intépretes, John faz sua crítica à perda de tempo deles. O título da música John teria tirado de  Through A Looking Glass, livro de Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas), um de seus escritores favoritos. Veja letra aqui.

Foram necessários 6 dias de sessões para que a música ficasse do jeito que conhecemos no White Album, sendo que no primeiro dia, foi trabalhada a parte rítmica básica. No segundo John adicionou os vocais e Ringo o pandeiro (curiosidade: é a primeira participação do baterista nas sessões do disco, que tinha se indisposto com Paul dias antes e chegou a deixar os Beatles por um tempo). No terceiro foi a vez de Paul incluir o baixo e Ringo uma outra parte da bateria. Depois vieram os efeitos e as orquestrações do final. Os destaques da música são a voz agressiva de John, Paul tocando flauta, a cozinha rítmica muito bem levada por Paul e Ringo, a guitarra de George e o final com uma orquetra dando um tom meio misterioso, como se fosse um filme de suspense.

No Anthology 3, saíram duas versões alternativas da música: uma demo feita na casa de George e outra com final alternativo (ao invés da orquestra, uma voz gritando: "é gol!", extraída aleatoriamente do rádio).

Ficha técnica:

John: vocal principal, violão
Paul: baixo, piano, flauta
George: guitarra líder
Ringo: bateria, pandeiro
Músicos de estúdio:
Henry Datyner, Eric Bowie, Norman Lederman, Ronald Thomas: violinos
John Underwood, Keith Cummings: violas
Eldon Fox, Reginald Kilbey: violoncelos

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/glass-onion/
http://www.thebeatlesonline.com/pages/beatles_glassonion.htm

John: olhando através dos óculos de cebola

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amor oriental

Continuando a falar dos 45 anos do início das sessões de gravação do álbum Revolver, no dia 11 de abril de 1966 os Beatles voltaram ao estúdio 2 em Abbey Road para continuar trabalhando em Got to Get You into My Life (ver post), que eles começaram em 8 de abril, e uma composição de George.

Love You To foi composta por George em 1966 enquanto tocava  cítara, instrumento que ele começou aprender com o músico indiano Ravi Shankar. George já havia usado cítara na canção de Lennon & McCartney Norwegian Wood do álbum Rubber Soul, que introduziu o instrumento no contexto do Rock and Roll. É a primeira composição dele utlizando a estrutura musical indiana, onde fala sobre filosofia e sobre o amor em forma de declaração à sua então esposa Patti Boyd Harrison, com que havia acabado de se casar. Veja a letra.

Quando entraram em estúdio para gravar a música, ela tinha o título provisório de Granny Smith e o primeiro take apresentava George ao violão e vocal e Paul fazendo harmonias. Depois, entraram músicos de estúdio do grupo Asian Music Circle como Anil Bagwat (primeiro músico indiano a ser creditado num disco dos Beatles) tocando outros instrumentos indianos. Paul acrescentou o baixo enquanto Ringo tocou pandeiro. Paula ainda acrescenou alguns falsestes que acabaram não sendo aproveitados no produto final. Foram necessários 2 dias de sessões (11 e 13 de abril) para finalizar a faixa. John não participou das sessões.

Ficha técnica:

George: vocal principal dobrado, violão, guitarra líder, cítara
Paul: harmonias vocais, baixo
Ringo: pandeiro
Anil Bagwat: tabla
Asian Music Circle: tamboura, svaramandal, cítaras

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/love-you-to/

George e Ravi Shankar: Discípulo e mestre

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Com os diabos, Beatles!

Como dito em alguns posts anteriores, os Beatles eram tão fascinados pelos Girls Groups americanos que acabaram gravando alguns covers em seus dois primeiros álbuns. Até agora falamos de Baby It's You, Boys (Shirelles) e Chains (Cookies). Agora vamos tratar do derradeiro cover de girls groups em discos dos Beatles.

Devil in His Heart foi composta por Richard P. Drapkin e gravada em 1962 por um jovem e obscuro grupo feminino de Detroit chamado The Donays. Yvonne Symington (vocal principal) e suas amigas Janice, Gwen e Michelle haviam acabado de formar o grupo, que tinha muito de Shirelles e Supremes em sua concepção, quando foram chamadas pelo pequeno selo Correct-Tone Records para gravar a música (tendo por lado B Bad Boy, também de Drapkin).

Além da música não ter tido êxito comercial, The Donays teve uma existência efêmera. A líder das Donays iniciou sua carreira solo com o nome Yvonne Vernee e gravou mais alguns discos pelo selo. Mais tarde, integrou um grupo vocal da Motown chamado The Elgins. Existe um música homônima, composta em 1963 por Robert Gordy para a cantora da Motown Carolyn Crawford e que nada tem a ver com a gravada pelas Donays [a não ser o nome]. A letra da música fala sobre uma pessoa apaixonada que se recusa a seguir conselhos dos outros para não se entregar ao amor que vive. As pessoas dizem: "cuidado, ela tem o diabo no coração" no que o apaixonado responde: "não, ela é um anjo enviado para mim".

Os Beatles tiveram acesso à música em fins de 1962 através da NEMS, loja de discos de seu empresário Brian Epstein que importava discos considerados obscuros nos EUA. Depois de mudarem o nome apropriadamente para Devil in Her Heart, provavelmente a música deve ter constado do repertório dos Beatles naquele ano (não há registro), assim como muitas outras músicas de artistas desconhecidos ou lados B de singles consagrados. Isso era uma jogada de mestre da banda, que se tornava mais interessante ao público por tocar aquilo que nunca tinha sido ouvido.

Em 1963, alguns dias antes de incluir a música nas sessões do álbum With The Beatles, a banda tocou-a num programa da BBC chamado Pop Go The Beatles (lançada em 1994 no EP Baby It's You extraído do álbum Live at BBC). No estúdio, a banda fez um pré-ensaio e gravaram três takes, sendo que o terceiro foi aprovado. Um destaque da música é a atmosfera latina com direito a maracas tocadas por Ringo e o vocal dobrado de George, além das deliciosas harmonias feitas por John e Paul. Ela foi relembrada por George em 1969 durante as Get Back Sessions durante os ensaios de Don't Let Me Down.

Até onde pesquisei, não há outras versões da música. Se alguém conhecer, pode postar nos comentários que darei o devido crédito.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: harmonias, guitarra rítmica
Paul:  harmonias, baixo
Ringo: bateria, maracas

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/devil-in-her-heart/
http://www.beatlesebooks.com/devil-in-her-heart

Os Beatles com George Martin: sem o diabo no coração

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Uma conta simples

Quanto é um mais um? Não precisa responder, pois é a conta matemática mais elementar que existe. Parece até meio bobo falar dessas coisas que aprendemos na primeira série mas tem tudo a ver com esse post.

One and One is Two foi composta por Paul em 1963, com crédito para Lennon & McCartney por causa do famoso acordo entre os dois Beatles de assinar em dupla mesmo se a música tivesse sido escrita/composta por um deles apenas. É uma das mais obscuras composições deles. Não se sabe se Paul tinha pretensão de usá-la num disco dos Beatles. Ao que parece, ele pode não ter gostado do resultado pela estrutura simplória que a música tinha, a partir de uma demo que ele fez ao violão. Sendo assim, ela acabou sendo cedida a outros artistas, tornando-se , assim uma gave away song.

Billy J. Kramer & The Dakotas (banda empresariada por Brian Epstein) foram os primeiros cogitados a gravaram a canção, já que tinham conseguido grande êxito com duas músicas da lavra de Lennon & McCartney, Do You Wat to Know a Secret (veja post) e Bad to Me. Eles recusaram talvez por não ver grande coisa naquela música ou por que estavam com músicas demais creditadas à dupla (além das duas citadas, podemos citar I Call Your Name, I'll Be on My Way, I'll Keep You Satisfied e From a Window. Ufa!). Outra banda empresariada por Epstein, The Fourmost também foi sondada mas já estava sossegada com suas duas gave aways, Hello Little Girl e I'm In Love.

A música acabou sendo gravada em 1964 por uma banda obscura chamada The Strangers with Mike Shannon e foi um retumbante fracasso comercial a exemplo de Tip of My Tongue, outra música de Lennon & McCartney (cedida a Tommy Quickly) que não decolou. tanto a banda quanto a música sumiram no limbo. Ela acabou sendo gravada numa coletânea chamada The Songs that Lennon & McCartney Gave Away e só. Em sua famosa entrevista na Playboy em 1980, John enumerou músicas suas, de Paul e creditadas de fato à dupla e o comentário que fez sobre One and One is Two foi: "esta foi horrível!".

Nos anos 80 e 90, a música foi lembrada pela banda holandesa Bas Muyspela australiana The Beatniks e pela argentina The Beats, em seus respectivos álbuns com canções cedidas a outros artistas.


Ficha técnica:

Paul: vocal principal, violão

Fonte:
http://www.answers.com/topic/the-strangers-with-mike-shannon

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Apertando o gatilho do Revolver

Há 45 anos atrás, no dia 06 de abril de 1966, os Beatles entravam no estúdio da Abbey Road para iniciar as sessões de gravações de um de seus melhores álbuns, Revolver. Para comemorar a data, vamos falar da primeira música gravada naquela ocasião.

Tomorrow Never Knows foi composta por John em 1966 baseada no livro A Experiência Psicodélica dos psicólogos Timothy Leary e Richard Alpert que continha uma adaptação do antigo Livro Tibetano dos Mortos. Leary acabou se tornando anos depois famoso como "Mago do LSD" e grande amigo de John. Quando começaram a gravar a música, ela ainda não tinha um nome, sendo chamada apenas de Mark I. Foi graças a um comentário que Ringo (sempre ele!) teria feito numa entrevista daqueles loucos dias iniciais da Beatlemania dizendo algo sobre "amanhã nunca se sabe". Reza a lenda que John a teria concebido a partir dos efeitos de LSD, o que causou muita polêmica na época.

Na hora de gravar, George Martin perguntou a John o que ele queria na música. John teria dito que imaginava um coro de macacos cantando como fundo ao instrumental e à voz principal. O produtor fez o que pôde a partir da concepção de John, tentando deixá-la o mais próximo possível do que era imaginado. Além da voz quase onírica de John duplicada, o destaque da música é a cozinha (baixo e a bateria) num rítmo hipnótico no tom G (sol). Paul faz um solo invertido de guitarra e todos usam tape loops (fitas pré-gravadas com cinco efeitos sonoros diferentes: ruído de gaivota musurado com a risada de Paul distorcida, um acorde em B tocado por uma orquestra, um mellotron com efeito de flauta, outro mellotron emulando um violino e uma cítara distorcida). É som para Stochausen nenhum botar defeito, poderia ser dito. Ao final, George Martin toca piano.

A letra fala sobre a experiência psicodélica propriamente dita através de expressões como "desligue a mente", "deite os pensamentos" e "ouça a cor dos seus sonhos". Foram precisos umas três sessões para que a música chegasse no ponto como a conhecemos (houveram sessões de gravação dela nos dias 6, 7 e 12 de abril).

Foram lançadas versões alternativas da música no álbum Anthology 2 (1996) e no álbum Love (2006), misturada com Within You Without You do álbum Sgt. Pepper's com produção de George Martin e seu filho Giles Martin.

há alghumas versões (covers) da música que foram gravadas, principalmente pelo Grateful Dead (junto com o clássico de The Who Baba O' Riley), Jimi Hendrix num bootleg raro e a versão do grupo oriental Monsoon. A música aparece no filme Sucker Punch, lançado recentemente. Se o leitor conhecer outra versão que não enumerei aqui basta informar nos comentários. Darei o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal dobrado, órgão, tape loop
Paul: baixo, solo de guitarra invertido, tape loop
George: guitarra líder, tamboura, cítara, tape loop
Ringo: bateria, pandeiro, tape loop
George Martin: piano

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/tomorrow-never-knows/


Bem vindos à psicodelia visual!


Curtindo os Beatles adoidado finale

A música acabou se tornando um grande sucesso, sobretudo nos shows ao vivo dos Beatles de 1963 a 1966. Uma de suas apresentações mais cômicas aconteceu no Royal Command Performance em novembro de 1963, tendo a rainha Elizabeth II e toda a Família Real britânica no camarote. Ao apresentar a música, John soltou: "For our last number I'd like to ask your help. The people in the cheaper seats clap your hands. And the rest of you, if you'd just rattle your jewellery. We'd like to sing a song called Twist And Shout". ("para nosso último número, gostaríamos de pedir sua ajuda. As pessoas sentadas nos lugares mais baratos batam palmas o resto de vocês pode chacoalhar as joias. gostaríamos de cantar uma canção chamada Twist and Shout").

Foi lançada em single em 1964 para o mercado dos EUA, tendo por lado B There's a Place e alcançou o topo das paradas. Foi também lançada como EP (compacto duplo) na Inglaterra, contando com Do You Want to Know a Secret, A Taste of HoneyThere's a Place (outras músicas do álbum Please Please Me).

Pouco depois do álbum dos Beatles, a banda britânica Brian Poole & The Tremeloes gravou e lançou sua versão tendo como base o cover dos Fab 4. Curiosamente, essa banda havia sido escolhida no início de 1962 pela Decca Records em lugar dos Beatles, que haviam sido rejeitados.

Há outras versões da música como as interpretadas por The Searchers, The Iguanas, The Mamas & The Papas e The Shangrilas, entre outras. A fama de que ela seria uma composição dos Beatles veio especialmente quando foi redescoberta pela geração Y no filme Ferry Bueller's Day Off (Curtindo a Vida Adoidado) de 1986, estrelado por Matthew Broderick. A imagem de Ferry Bueller (personagem de Broderick) dublando a música numa parada de rua, entrou para o imaginário geral e é uma das cenas mais icônicas da história da Sétima Arte. Veja o clip aqui.

Por falar em cinema, ela fez parte dos filmes The Birth of Beatles (1979) e Backbeat (1995), duas biografias filmadas dos Beatles, sendo interpretada pelas bandas Rain e Backbeat, respectivamente.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: backing vocals, baixo
George: backing vocals, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/twist-and-shout/
http://www.beatlesebooks.com/twist-and-shout
John antes do gracejo no Rayal Command Variety (1963)  

terça-feira, 5 de abril de 2011

Curtindo os Beatles adoidado parte 1

Gostaram do título? É uma brincadeira com o nome do filme Curtindo a Vida Adoidado. Já sabem de que música que eu vou falar, né? A dica é explícita.

Twist and Shout foi composta em 1961 pelo produtor e compositor americano Bert Berns (1929-1967), usando o pseudônimo Bert Russell em parceria com o compositor Phil Medley (1916-1997). Como o nome entrega, foi feita para aproveitar a onda do Twist, uma dança em voga, popularizada pelo cantor Chubby Checker naquele ano. Ela havia sido gravada originalmente pelo grupo The Top Notes com a produção do ainda inexperiente Phil Spector. Como Bert Berns detestou a versão produzida por Spector, regravou-a em 1962 com o grupo The Isley Brothers, tendo como lado B Spanish Twist. Na ocasião, não deixou ninguém meter o bedelho e cuidou ele mesmo da produção. Resultado: foi o segundo melhor hit da carreira dos Isley (seu primeiro sucesso fora em 1959 com Shout!) e um clássico do início da década.

Bert Berns (ou Russell) continuou compondo e produzindo várias músicas ao longo da década de 60 das quais podemos destacar o clássico sessentista Hang on Sloopy (imortalizada pelos McCoys), Here Comes The Night (gravada pela banda irlandesa Them que apresentou para o mundo o cantor Van Morrison) e Piece of My Heart, um clássico de Janis Joplin & Big Brother & Holding Company em seu álbum de estréia. Ele morreu em 1967 aos 38 anos de um ataque cardíaco. Já Medley não teve tanto êxito quanto seu parceiro mas compôs com ele  If I Didn't Have a Dime, um hit menor de Gene Pitney.

Os Beatles ouviram a versão dos Isley Brother e a adotaram em seu repertório dos shows pré-Parlophone. Uma versão primitiva foi tocada no show do Star Club em Hamburgo (que foi lançada no álbum semioficial Live at Star-Club, 1962 em 1977). Em suas primeiras incursões em programas da BBC, a música também fazia parte do repertório daquelas apresentações.

Quando os Beatles começaram as sessões de gravação de seu álbum de estréia, Please Please Me (1963), George Martin sugeriu que eles listassem algumas coisas que eles costumavam tocar no Cavern Club, além de composições originais. Twist and Shout foi incluída pelo potencial climático. Era uma das melhores dos shows e por pouco não ficou de fora do disco. No dia em que estavam gravando o disco, John estava gripado e dando conta do recado graças a pastilhas que estava chupando para aliviar a dor de garganta. No fim do dia, com praticamente todo o material do álbum gravado, faltava uma música para fechar os trabalhos. Aí entrou em cena Twist and Shout, prevista para dois takes. Caso tais tomadas não saíssem a contento, no dia seguinte, eles voltariam a trabalhar nela. Só que John não queria deixar para outra ocasião. Ele deve ter pensado consigo mesmo: "ou vai ou racha". Quando começaram a gravar o primeiro take, John mandou ver no gogó, o que criou uma energia que seus colegas de banda sentiram, deixando a gravação transcorrer sem problemas. Quando acabou, George Martin gostou do resultado e sugeriu, brincando, um segundo take. Nessa altura do campeonato John já estava sem voz e estava pedindo arrego!

Continua no próximo post

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/twist-and-shout/
http://www.beatlesebooks.com/twist-and-shout

Isley Brothers: sucesso com Twist & Shout

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cante e Voe, Pássaro Preto

No dia 04 de abril de 1968, um dos maiores defensores da igualdade entre os seres humanos foi assassinado. Naquele dia, há exatos 43 anos, Martin Luther King perdeu a vida por acreditar num mundo onde todos pudessem viver em harmonia. Por isso, hoje vamos fazer uma homenagem a esse grande ser humano falando sobre uma bela canção dos Beatles.

Blackbird foi composta por Paul em 1968, durante a estada dos Beatles na Índia. Para o acompanhamento do violão, ele teve como inspiração a peça Bourée em mi menor de Johann Sebastian Bach, que ele e George haviam tentado aprender durante a juventude, quando estudavam violão erudito. John e Paul haviam aprendido a técnica de dedilhado folk com o cantor Donovan e esta música é um exemplo disso. A estrutura métrica da música segue uma linha ndada ortodoxa, variando do 4/4 para o 3/4 e 2/4 em seus três versos em tom de G (sol). A letra da música foi escrita depois que Paul leu os jornais e viu a tensão racial que se avizinhava nos EUA, bem como o sofrimento das mulheres negras para se impor na sociedade racista e machista. Durante a primeira vez em que Linda Eastman, futura esposa de Paul, estave em sua casa, o Beatle tocou uma versão primitiva da música para uns fãs felizardos que estavam acampados por lá.

Como dito anteriormente, a letra fala do melro (nome em português), um pássaro de plumagem preta que tem um belo canto, que representa as mulheres vítimas da violência e preconceito racial. O verso que diz "Take these broken wings and learn to fly" (Tome essas asas quebradas e aprenda a voar) é um incentivo para que elas não se deixem vencer pelas dificuldades enfrentadas e continuem em frente.

A gravação da música durante as sessões do White Album contou apenas com Paul ao violão e voz, fazendo a marcação com o pé num assoalho colocado estrategicamente no estúdio para emular uma verdadeira canção tipicamente folk. Para o final da música, pediu que os engenheiros de som adicionassem o canto do melro (efeito sonoro) o que a deixou com o resultado que conhecemos.

Uma curiosidade macabra sobre a música: ela teria inspirado (junto com Helter Skelter e Piggies do mesmo álbum) o psicopata Charles Manson e seu grupo de seguidores sádicos a cometer os bárbaros crimes de 1969, onde a atriz Sharon Tate, esposa do diretor Roman Polanski foi uma das vítimas.

Existem outras versões conhecidas de Blackbird, das quais citamos a interpretada pelo supergrupo Crosby Stills, Nash & Young que a tocaram quando de sua persentação no festival Woodstock. Também cito os covers de Grateful Dead e Billy Preston. Ela sempre fez parte do repertório da carreira solo de Paul como esta versão.

Se alguém conhecer alguma outra versão, pode falar dela via comentários. Darei o devido crédito

Ficha técnica:

Paul: violão, marcação com o pé
Efeitos sonoro: chilrear de um melro

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/blackbird/

"Melro cantando no morrer da noite..."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Veia Soul dos Beatles ataca novamente

Aproveitando que amanhã, 2 de abril será aniversário saudoso Marvin Gaye (se ainda estivesse vivo, estaria completando 72 anos), vamos falar sobre mais uma música dos Beatles influenciado pelo estilo que consagrou o cantor que ajudou a celebrizar a gravadora Motown. Veja biografia dele aqui. Num post anterior, havíamos falado de You Can't Do That, que tinha a mesma levada Soul típica da Motown.

When I Get Home foi composta por John tendo em mente essa atmosfera de Soul e Rhythm & Blues, tentando emular algo de Wilson Pickett que ele admirava tanto. Tem uma pitada da influência de Arthur Alexander, especialmente na letra. Também é uma bronca sutil do Beatle pelos três meses que os Beatles ficaram trabalhando o álbum A Hard Day's Night (1964), já que os anteriores foram terminados em poucos dias. Essa foi uma das últimas músicas a serem gravadas para o disco. Alguns destaques: o poderoso baixo de Paul fazendo uma marcação digna dos músicos de estúdio da Motown; os backings e harmonias de Paul e George e a bateria nervosa de Ringo fazendo com o baixo de Paul uma cozinha (backbeat) infernal como sempre. O estúdio 2 da Abbey Road parecia uma filial da Motown ou da Stax.

A letra fala sobre a urgência que um sujeito tem em chegar logo em sua casa e fazer amor sua garota [letra típica de Soul...]. Nessa época, John estava casado com Cynthia Lennon e havia muito fogo em sua relação marital.

Não consegui levantar nenhum versão da música com outros artistas. Quem souber, pode postar nos comentários que eu dou o devido crédito. Alguém quer fazer as honras?

Ficha técnica:

John: vocal principal, harmonias, guitarra rítmica
Paul: harmonias, baixo
George: harmonias, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/when-i-get-home/
http://www.beatlesebooks.com/when-i-get-home


"Você não sabe o que a aguarda, sra. Lennon.
Estou cheio de amor pra te dar..."