quinta-feira, 31 de março de 2011

Get Back Sessions: Uma música animal!

Como dissemos no primeiro post desta série, em janeiro de 1969, os Beatles tinham um projeto de volta às origens, tocando sem trucagens para um possível documentário e shows ao vivo. Foi aí que começou a maratona de ensaios, jams e gravações que se tornaram referência para confecção de inúmeros bootlegs dos Beatles.

The House of Rising Sun é uma canção folclórica americana que está imersa em controvérsias. Não se sabe ao certo quem a compôs ou quando isso aconteceu. As informações sobre sua origem são meras conjecturas. Uma das primeiras versões da música teria sido gravada em 1928 por Alger "Texas" Alexander com o título The Risin' Sun. A letra era diferente mas tinha uma levada que lembra em muito aquela que o público conhece. Graças ao folclorista e etnomusicologista americano Alan Lomax a música não caiu na obscuridade. A versão original dita "oficial" teria sido gravada em 1933 por Clarence Ashley e Gwen Foster. Depois teria sido interptretada por nomes como os cantores Folk Woody Guthrie, Roy Acuff, Josh White, Georgia Turnero lendário Bluesman Leadbelly e o cantor de baladas Frankie Lane. Joan Baez, uma das mais proeminentes vozes do Folk americano gravou uma versão em seu álbum de estréia em 1960. Um ano depois, foi a vez de Bob Dylan gravá-la, sendo uma das versões mais conhecidas atualmente. Em 1962, veio a versão de Nina Simone, que foi a base para o grande hit dos Animals em 1964, embora Alan Price, o tecladista da banda tenha apregoado que a canção fosse do folclore inglês do século XVI. O cantor e membro fundador do Aphrodite's Child (ver biografia aqui), Demis Roussos a teria cantado em shows quando morava na Grécia. Depois do fim de sua banda Aphrodite's Child ele acabou gravando-a junto com o colega Vangelis. A letra da música fala sobre uma casa em New Orleans e da vida dura dos que nela moram.

Assim, chegamos às Get Back Sessions e os Beatles lembraram da música. Eles a tocaram no dia 9 de janeiro de 1969, após repassar Across the Universe. Cá prá nós, a versão deles é horrível. Tentaram emular a versão de Bob Dylan mas mais parece uma farra do que propriamente uma canção séria. Eles não tiveram muita vontade de trabalhá-la com mais afinco, para que talvez viesse a figurar no álbum. Não é uma das minhas favoritas dessa série de gravações dos Fab 4.

No início dos anos 70, a banda Frijid Pink gravou sua versão em seu primeiro álbum (na Internet tem gente que vende a ideia de que seja o Pink Floyd). Na segunda metade dos anos 70, a versão mais conhecida foi a interpretada pelo grupo Santa Esmeralda em rítmo de Disco Music, sendo um hit naquela década.

Ficha técnica:

John: vocal e guitarra rítmica
Paul: vocal e baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/1969/01/09/get-back-let-it-be-sessions-day-six/

The Animals: sua versão de The House of Rising Sun
foi um dos maiores hits da banda

quarta-feira, 30 de março de 2011

Papo de garotas

Este é o quarto post em que falo do fascínio dos Beatles pelos Girls Groups e sua música. Já falamos aqui de Chains (The Cookies), Please Mr. Postman (The Marvellettes) e Baby It's You (The Shirelles). Aproveitando que escrevi um post sobre este último grupo no meu blog Biografias Musicais, vou falar de outra canção delas interpretada pelos Beatles.

Boys foi composta em 1960 por Luther Dixon e Wes Farrell e gravada originalmente pelas Shirelles, sendo lançada como lado B do single Will You Love Me Tomorrow, um dos maiores êxitos do grupo. Luther Dixon (1931-2009) era o produtor e responsável pela sonoridade característica do grupo e já tinha escrito o clássico Sixteen Candles do grupo de Doo Wop, The Crests. Já Wes Farrell (1939-1996) fez um grande sucesso, compondo e produzindo para nomes como Dion, Freddie Cannon, Chubby Checker e Timi Yuro.

Como já foi dito em posts anteriores, os Beatles usavam a estratégia de usar os lados B dos singles que ouviam para compor seu repertório dos shows, o que ocorreu com Boys. Ela era cantada por Pete Best, sendo seu stage act na banda. Quando Ringo chegou, mantiveram a música sob seus auspícios. Foi assim que eles incluíram Boys no seu álbum de estréia, Please Please Me (1963), junto com outro cover das Shirelles Baby It's You. A partir do sucesso da banda, a música ficou sendo o número especial de Ringo nas apresentações ao vivo, até ser substituída em 1965 por Act Naturally. A música aparece também em programas da BBC.

A letra fala de um dos interesses das garotas (garotos) e o sentido não foi mudado (de Boys para Girls) quando interpretado pelos Beatles.

O grande lance da música é o fato de Ringo cantar e tocar bateria com muit destreza, mostrando porque Mr. Starkey é um dos melhores bateras da história. Alguém duvida? O baixo preciso de Paul em cima da linha de bateria de Ringo e os backings vocals (e os shoutings)que ele faz  com John também são dignos de atenção. Não é a toa que Paul e Ringo são uma das melhores cozinhas (backbeat) do Rock.

Ficha técnica:

Ringo: vocal principal, bateria
John: guitarra rítmica, backing vocals
Paul: baixo, backing vocals
George: guitarra líder

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/boys/
http://www.beatlesebooks.com/boys

The Shirelles, um dos melhores girls groups dos anos 60

terça-feira, 29 de março de 2011

Ensaios Caseiros: instrumentais

Durante os ensaios que os Beatles faziam na casa do Paul em 1960, eles tocaram muita coisa instrumental, seja composições criadas ou covers através de jam sessions. John, Paul e George tocavam guitarra e Stu fazia o baixo (numa linha bem simples, é verdade).

Foram gravados, provavelmente em abril e maio alguns números instrumentais chamados simplesmente Instrumental Jams seguida por um determinado número (Instrumental Jams #1, #2 e #3 em abril e Instrumental Jam #1 e #2 em maio). Acesse aqui para saber mais detalhes e para ouvir o áudio. Outro número instrumental que fez parte dos ensaios, do qual falarei em outro post no futuro é Cayenne, que foi lançada no álbum Anthology (1995). Alguns covers instrumentais foram lembrados como Ramrod e Movin' and Groovin' do guitarrista americano Duane Eddy, muito apreciado pelos Beatles, sobretudo George que o tinha como uma de suas primeiras influências como guitarrista. Aqui e aqui as versões dos Beatles

Ramrod foi composta por Al Casey, integrante da banda de Duane Eddy e gravada por eles originalmente em 1958 e alcançou o 27º nas paradas. Já Movin' and Groovin' foi composta, também em 1958 por Eddy, dando o crédito de coautor a Lee Wazlewood, um DJ que incentivou muito a banda do guitarrista. Chegou ao 72º posto das paradas, mas é lembrada pelo fato de ter sido "surrupiada" pelos Beach Boys nos anos 60 como intro para seu clássico Surfin' USA, se bem que esse riff também é muito parecido com a introdução do clássico de Chuck Berry Brown-Eyed Handsome Man. Duane Eddy veio a fazer muito sucesso com o clássico Rebel Rouser, também composta nessa sessão e que chegou ao 6º posto das paradas. Ele se tornou uma unanimidade entre os guitarristas dos aos 60 em diante. Futuramente, vai abrilhantar nosso blog Biografias Musicais.

Ficha técnica:

John: guitarra
Paul: guitarra
George: guitarra
Stu: baixo
Mike McCartney: (provavelmente percussão num case de guitarra)

Fonte:
http://www.beatlesource.com/savage/1960/60.04.XX%20forthlin/60.04.XXforthlin.html
http://www.bootlegzone.com/album.php?name=batz0197&section=1

Capa de um booleg contendo os ensaios de 1960

segunda-feira, 28 de março de 2011

Um doce de música

Na formação musical dos Beatles está o fascínio que tinham por musicais, desde o vaudeville britânico de West End até  peças americanas da Broadway. As músicas dessas produções fizeram parte do repertório recorrente dos Beatles, especialmente no início dos anos 60.

A Taste of Honey foi composta por Bobby Scott e Ric Marlow em 1960 tendo por inspiração o tema recorrente (instrumental) da montagem para a Broadway de uma peça original britânica de mesmo nome. Em 1961, foi feito um filme adaptado da peça (veja um trecho). A primeira versão  cantada foi lançada em 1962, tendo por intérprete o cantor britânico Lenny Welch num single bem sucedido. A versão instrumental de Bobby Scott faria sucesso em 1963, ganhando um Grammy.

A partir da versão de Welch, no mesmo ano, os Beatles incluíram sua versão nos shows pré-Parlophone. O primeiro registro dela com os Beatles foi feito no show que os Beatles fizeram no Star Club em Hamburgo (sendo lançada em 1977 no semioficial The Beatles Live at Star Club 1962). Quando os Beatles entraram em estúdio para gravar seu primeiro álbum, Please Please Me (1963), a música foi incluída no set list. Também a tocaram em alguns programas que fizeram na BBC (uma versão foi lançada no álbum Live at BBC. para cantá-la, a escolha óbvia era Paul, o romântico de plantão. A letra da música fala da comparação entre os beijos da pessoa amada com algo "mais doce que o mel" e tem uma terceira estrofe que Paul só canta na versão do álbum Live at Star Club.

Essa música é um verdadeiro standard popular, tendo sido gravada por grandes cantores como Tom Jones, Johnny Mathis e Andy Williams. Sua versão instrumental foi interpretada por Herb Alpert & Tijuana Brass, alcançando um grande sucesso em 1965. Há outras versões como as interpretadas por Peggy LeeSarah Vaughn, Bobby Darin, HolliesBarbra Streisend,  Acker Bilk, Harry James & His Orchestra e a banda The Hassles (de onde saiu o cantor e pianista Billy Joel), entre outros. Num post futuro eu escrevo sobre outras versões.

Nos anos 70, foi formado um duo vocal feminino chamado A Taste of Honey que fez sucesso com a música Boogie Oogie Oogie, um clássico da Disco Music.

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/a-taste-of-honey/

Lenny Welch, primeiro intérprete da
versão cantada de A Taste of Honey

sábado, 26 de março de 2011

Moleque danado!

Como todo mundo que já foi criança, os Beatles devem ter aprontado muito e deixado seus pais de cabelo em pé. Não que eles tivessem sido moleques endiabrados nos moldes do personagem da música de Renato e Seus Blue Caps O Escândalo (versão de Shame and Scandal in The Family). Mas não é isso que vem ao caso neste post. Vamos falar de uma das canções do cantor e Bluesman americano Larry Williams.

Bad Boy foi composta e gravada por Larry Williams (1935-1980) entre 1957 e 1958, tendo sido lançada num single em 1959, tendo como lado B She Said Yeah (que se tornou um clássico com os Rolling Stones). John era um grande admirador do jeito agressivo de cantar de Larry Williams e isso fica claro em covers interpretados por ele com os Beatles (Bad Boy, Slow Down e Dizzy Miss Lizzy) e carreira solo (Bonnie Moronie).

Os Beatles gravaram sua versão em junho de 1965 para ser lançada no ábum da discografia americana Beatles VI (uma mistureba de Beatles For Sale e Help! da discografia britânica). Os ingleses só vieram conhecer a versão dos Beatles em 1967 quando ela foi lançada na coleânea Collection of Oldies...But Goldies. Ela fez parte, ainda da coletânea Past Masters vol. I (lançada em 1988).

Além do vocal rasgado de John, um destaque é a guitarra solo de George duelando com a voz de John. A letra fala de um garoto-problema que apronta todas (como na música citada no início do post) com o diferencial que só quando faz Rock and Roll é que ele se sente bem.

Há poucos covers conhecidos da música, do qual citamos neste post a versão da banda canadense Rush feito em 1974. Outro cover que podemos citar foi o interpretado pela banda Backbeat no filme homônimo de 1994 (chamado no Brasil Os Cinco Rapazes de Liverpool). Há uma música cantada por Ringo na carreira solo chamada Bad Boy, do álbum homônimo (1978), original de 1957, que nada tem a ver com a composição de Larry Williams. Se algum leitor conhecer outra versão, pode falar sobre ela nos comentários. Darei o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: baixo, piano elétrico
George: guitarra líder
Ringo: bateria, pandeiro

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

Larry Williams: apreciado pelos Beatles e pelos Rolling Stones

quinta-feira, 24 de março de 2011

O início e o fim

Parece até meio bobo o título deste post mas ele tem um certo fundamento (considerando que queirmei neurônios durante horas pensando num nome). Quando John começou a aprender a tocar, sua mãe, Julia Stanley Lennon foi quem lhe passou as primeiras noções. O problema é que John havia aprendido a tocar violão a partir de acordes de banjo e assim foi durante um bom tempo, naqueles primórdios dos Quarrymen, a primeira banda de John. Caso queira acompanhar o início da biografia que estou escrevendo sobre os Beatles, veja aqui. Julia ensinou John a tocar algumas coisas do Rock como Ain't That a Shame de Fats Domino e tradicionais como Maggie Mae, uma canção inglesa que acredita-se ter tido origem no início do XIX. Era um hino informal da cidade de Liverpool e fazia parte do repertório recorrente dos Quarrymen pela facilidade que John tinha em tocá-la.

Em janeiro de 1969, durante as Get Back Sessions, quando os Beatles estavam preparando material para um projeto que visava uma volta às origens, nada mais justo que incluir no set list uma das músicas que John tocava na fase pré-histórica da banda, embora usassem apenas um trecho da letra. Com o arquivamento do projeto, poucas dessas músicas foram aproveitadas para o derradeiro disco dos Beatles, Let It Be (1970). A versão de Maggie Mae que conhecemos do disco tem apenas 41 segundos e não há sequer um final, apesar da produção do competente Phil Spector. Há uma versão um pouco maior dela com 56 segundos.  A letra conta a história de uma prostituta muito ladina que surrupiou um marinheiro e acabou sendo julgada por isso. A música é creditada aos quatro, sendo uma das únicas da discografia dos Beatles nessa condição [Flying do álbum Magical Mystery Tour (1967) é a outra]. Vejaz aqui a letra inteira.

Os Beatles não foram os primeiros a gravar a canção. A banda The Vipers Skiffle Group (de onde saíram Tony Meehan e Jet Harris para formar The Shadows - veja biografia aqui) chegou a gravá-la no final dos anos 50. Ela também foi utilizada, em 1964, num showcase teatral inglês homônimo feito Lionel Bart, criador do musical Oliver. Nos anos 70, o cantor inglês Rod Stewart (ex-Faces) gravou uma música chamada Maggie May que nada tem a ver com aquela canção tradicional. Ela foi lembrada, inclusive no  filme Nowhere Boy (2010), que fala sobre a juventude de John.

Quando o álbum Let It Be Naked (2003), com músicas do LP original sem a produção de Phil Spector, foi lançado, Maggie Mae ficou de fora.

Ficha técnica:

John: vocal principal, violão
Paul: backing vocals, harmonias
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/maggie-mae/

Cena do filme Nowhere Boy que remonta um show dos Quarrymen de 1957

quarta-feira, 23 de março de 2011

Beatles on Blues

Em homenagem ao grande Pinetop Perkins, um grande Bluesman que faleceu anteontem, 21 de março, vamos falar de uma canção dos Beatles com a levada característica do Blues. Veja biografia dele aqui.

Yer Blues foi composta por John em 1968 quando os Beatles estavam na Índia. Apesar da aparente paz no retiro espiritual indiano, John estava escrevendo letras profundas e conturbadas. Nela, o Beatle faz um desabafo com sua própria vida, igual ao apelo por socorro que fez quando compôs o clássico Help! Embora pareça uma paródia com o estilo de cantar um Blues [triste], John traz à tona todos os seus temores e angústias. A canção de Bob Dylan Ballad of a Thin Man é uma clara influência para a elaboração da letra de Yer Blues. Os Beatles gravaram uma demo na casa de George em Esher e levaram ao estúdio quando começaram as sessões do White Album. Ringo é quem faz a contagem do começo. John faz uma das guitarras solo na versão do álbum.

A letra fala de um homem solitário que só pensa em morrer. Conforme depoimento posterior de John sobre a canção, "quando escrevi 'I'm so lonely I wanna die' [estou triste e quero morrer] na letra, eu não estava brincando". Evoca o personagem da música de Bob Dylan Mr. Jones que tinha o mesmo sentimento.

John tocou Yer Blues quando de sua participação no especial dos Rolling Stones chamado Rock and Roll Circus (1968) com uma banda improvisada chamada Dirt Mac Blues Band que tinha, além dele na guitarra rítmica e vocais, Eric Clapton (guitarra líder), Keith Richard dos Stones (baixo) e Mitch Mitchell da Jimi Hendrix Experience (bateria) além de Yoko (bongôs). Foi a primeira vez que John tocou ao vivo sem os Beatles. Tocou também em 1969 com a primeira formação da Plastic Ono Band no festival Live Peace  In Toronto no Canadá.

Há alguns covers interessantes da música dos quais o mais interssante é o interpretado pela Jeff Healey Band. Há alguma outra? Pode citá-la nos comentários que eu dou o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra líder
Paul: baixo
George: guitarra líder
Ringo: contagem no início, bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/yer-blues/

John e a Dirt Mac Blues Band tocando Yer Blues

segunda-feira, 21 de março de 2011

Burt Bacharach e os Beatles

Burt Bacharach é um dos maiores compositores de nosso tempo. O que pouca gente sabe é que os Beatles gravaram uma canção composta por ele. Não a gravaram apenas por causa do compositor mas por causa do fascínio que a banda tinha por girls groups [veja aqui e aqui], no caso deste post, The Shirelles. Vou escrever sobre o compositor e o grupo nos próximos posts do blog Biografias Musicais.

Baby it's You foi composta em 1961 por Bacharach (música), os veteranos compositores Mack David e Luther Dixon, que usou o pseudônimo de Barney Williams (letra) para o grupo feminino The Shirelles, um grupo que havia sido formado em 1958. Nessa época, Bacharach e seu parceiro recorrente Hal David trabalhavam para o lendário Brill Building, que tinha os melhores compositores americanos num único lugar. Mack David (1912-1993) era o irmão mais velho do parceiro de Burt e havia trabalhado como compositor da trilha sonora de clássicos da Disney como Branca de Neve e Cinderella, além de a versão em inglês da canção francesa La Vie En Rose de Edith Piaf. Luther Dixon (1931-2009) começou a carreira como cantor de grupos de Doo Wop e no final da década de 50 passou a se dedicar à composição e como produtor ajudou a criar o som que caracterizou The Shirelles. Inclusive, compôs outro clássico do grupo Boys com Wes Farrell, mas isso fica para outro post. Como single, Baby It's You chegou ao oitavo posto das paradas de R & B mas o álbum homônimo  foi aos primeiros lugares. A letra fala de um grande amor que prevalece contra qualquer sinal de despeito dos outros.

Quando os Beatles ouviram a música, imediatamente a colocaram em seu repertório regular. Tanto que ela foi colocada no set list das músicas que a banda iria gravar para seu primeiro álbum pela Parlophone, Please Please Me (1963). O ponto alto da versão dos Beatles é o vocal passional, quase gritado de John que impõe sobre ela uma bela carga dramática. Há também destaque para o solo de celesta tocado por George Martin junto com o solo de guitarra de George. Além do disco, a canção era peça recorrente nos programas que a banda fazia na BBC. Uma versão está no álbum Live at BBC (1994).

Além dos Beatles, a canção foi gravada por um grupo chamado Smith (nada a ver com a aquela banda surgida nos anos 80, The Smiths), The Carpenters, além de outros artistas dos anos 60 como Bruce Channel, Cilla Black e Dave Berry. Existem muitas outras versões que serão informadas em posts futuros.

Há um filme de 1983, com o mesmo nome e que tem a música como tema. Foi dirigido por John Sayles, tendo Rosana Arquette e Vincent Spano como protagonistas.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: baixo, backing vocals, harmonias
George: guitarra líder, backing vocals, harmonias
Ringo: bateria
George Martin: celesta

Fonte:
Wikipedia (em inglês)


Burt Bacharach, grande compsositor

domingo, 20 de março de 2011

Não Aborreça o George parte 4

Olha nós aqui de novo falando de Don't Bother me. Descobri mais alguns covers.

O primeiro foi gravado pela banda americana Smithereens em 2007 em seu álbum cheio de covers dos Beatles chamado Meet The Smithereens. A banda foi formada em 1980 em Nova Jersey e seu nome ("pedaços") é uma referência ao bordão utilizado pelo personagem da Looney Tunes Yosemite Sam (o nosso velho conhecido Eufrazino, inimigo do Pernalonga) "vou explodi-los em mil pedaços!". A banda já está há 30 anos na ativa, sendo muito conhecida no meio alternativo.

A outra versão foi gravada pelo cantor e compositor americano Eytan Mirsky (nascido em 1962), mais conhecido por trabalhar com trilhas sonoras de filmes independentes como Happiness e American Splendor. Seu primeiro álbum foi gravado em 1996 e participou de uma coletânea de tributo a George lançada em 2003 chamada He Was Fab.


Será que esqueci de alguma? O leitor está convidado a informar via comentários.


Fonte: Wikipedia (em inglês)
http://www.allmusic.com/artist/eytan-mirsky-p430372/biography

Eytan Mirsky: dos filmes independentes para a música
The Smithereens: Álbum 100% Beatles

Grilos e Besouros - bônus

Segue, abaixo, como bônus aos fãs desses dois grandes grupos, algumas coisas interessantes do You Tube envolvendo os Beatles e os Crickets.

- John cantando algumas canções de Buddy Holly (das sessões do álbum Rock and Roll e algumas gravações caseiras)

- Paul tocando e cantando músicas de Buddy em diversos momentos.

- John, de novo, cantando Rave On numa gravação caseira.

- Paul e amigos (Linda, Denny Laine, Don Everly, os Crickets) em trechos do evento criado por ele chamado Buddy Holly Week (e não "Day" como escrevi em alguns posts anteriores), junto com depoimentos de Maria Elena Santiago Holly (viúva de Buddy Holly) e Roy Orbison.

Abertura do documentário The Real Buddy Holly Story (1985) mostrando Paul e Sonny Curtis dos Crickets.

Maybe Baby numa curiosa montagem misturando as versões cantadas por Paul e John em momentos distintos. Vale pela curiosidade.

- John e amigos (Yoko, Ringo, Phil Spector, entre outros) cantando e tocando  algumas músicas de Buddy Holly em 1971 no aniversário do Beatle.

Fonte: You Tube





Grilos e Besouros - apêndice

Não poderia finalizar esta série sem falar de músicas de Buddy Holly & The Crickets que foram interpretadas pelos Beatles mas infelizmente não foram feitos registros. Através de depoimentos feitos pelos próprios Fab 4 e por pessoas ligadas a eles é que é possível saber que eles tocaram tais músicas.

Peggy Sue foi composta por Buddy Holly em 1957 com o nome Cindy Lou (nome de sua sobrinha) e que foi alterado para homenagear a namorada e futura esposa do baterista dos Crickets Jerry Allison, listado como coautor junto com o produtor da banda Norman Petty. Ela teria servido de inspiração para a composição do clássico dos Beatles P.S. I Love You. Foi gravada por John em seu álbum solo Rock and Roll (1975) e interpretada por Paul nos anos 70.

Peggy Sue Got Married é uma sequencia da "saga" anterior e foi composta por Buddy em 1958 e lançada póstumamente. Ela foi lembrada pelos Beatles durante as Get Back Sessions e intitulou o ótimo filme de Francis Ford Coppola, homônimo (que em português foi chamado Peggy Sue, Seu Passado a Espera).

Everyday foi composta por Buddy e gravada em 1957 e tem o produtor Norman Petty listado como coautor. Apresenta uma celeste, uma espécie de xilofone ou glockenspiel. Essa os Beatles não lembraram de gravar nem nas Get Back Sessions.

It's So Easy foi composta por Buddy em 1958 e lançada no álbum póstumo The Buddy Holly Story (1959). Pena que os Beatles nunca a gravaram. Ia ficar muito legal. Paul costuma tocá-la no soundcheck de seus shows.

Maybe Baby foi composta por Norman Petty e Buddy Holly em 1957 e gravada no álbum The Chirpin' Crickets. Foi lembrada nas Get Back Sessions e Paul gravou-a, com produção e produção e participação de Jeff Lynne para a trilha sonora do filme Maybe Baby (Como Fazer Bebês) de 2000.

Think It Over foi composta nos mesmos moldes de Peggy Sue em 1958 e lançada no álbum já citado The Buddy Holly. Conta a lenda que numa apresentação dela, provavelmente no Cavern Club, John teve que cantá-la sem tocar guitarra, evocando aqueles vocalistas que só cantavam sem tocar instrumento algum [alguém sabe algo mais? Basta postar nos comentários que dou o devido crédito].

Raining in My Heart era da fase de Buddy já sem os Crickets e foi composta em 1958 pelo casal Felice e Boudleuax Bryant, que escreviam para os Everly Brothers.

Early In the Morning foi composta em 1958 por Bobby Darin e Woody Harris e foi baseada no clássico de Ray Charles Hallellujah I Love her So. Esta foi lembrada nas Get Back Sessions.

Love is Strange foi escrita por Ethel Smith em 1956 e foi gravada primeiramente por Mickey & Sylvia, tendo sido um hit naquele ano. Até hoje ela é alvo de disputas judiciais. A versão de Buddy provavelmente foi gravada em 1959 e só lançada em 1968. Os Beatles lembraram dela nas Get Back Sessions e Paul tocou-a nos anos 70.

Well...Alright foi composta em 1958 por Buddy, Jerry Allison e o baixista Joe Maudlin e a costumeira coautoria atribuída a Norman Petty e também foi lançada num álbum posterior à morte de Buddy Holly. Outra lembrada nas Get Back Sessions.

Como podem ver, os Beatles eram realmente grandes admiradores de Buddy Holly & The Crickets.

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
www.beatlesbible.com


Buddy e Paul McCartney = grilo e besouro

sexta-feira, 18 de março de 2011

Grilos e Besouros - Finale

Buddy Holly foi muito importante não só como grande guitarrista, cantor e performer. Foi também compositor, arranjador e produtor, uma espécie de all-in-one, coisa rara nos artistas dos anos 50. Paul McCartney certa vez comentou que essa faceta produtiva de Buddy sempre o encantou. Ele teria dito para John: "Uau! Ele compõe e é músico!"

Para finalizar essa série, vamos falar de uma canção que foi gravada pelos Crickets sem Buddy Holly (já que nas partes 2 e 3 falamos de duas músicas de Buddy sem os Crickets).

Don't Ever Change foi escrita pelo casal de compositores Gerry Goffin & Carole King (estou devendo uma matéria com eles nas Biografias Musicais) em 1961 e gravada pelos Crickets no ano seguinte. A canção alcançou o top 5 nas paradas britânicas. Sua letra fala de um cara que pede à amada que que ela nunca mude de jeito. Há uma temática parecida no clássico dos anos 70 Just the Way You Are, interpretado por Billy Joel (seu compositor) e Barry White.

Ela foi gravada num dos programas que os Beatles faziam na BBC e traz um raro momento em que Paul e George fazem um dueto vocal nos Beatles (seja em covers ou composições próprias). Foi lançada no álbum Live at BBC (1994).

Há outras versões da música interpretadas por Brinsley Schwartz (1973) e Mud (1982).

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, baixo
George: vocal principal, guitarra líder
John: guitarra rítmica
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/dont-ever-change/


73333081, Getty Images /CBS
Paul e George: dueto em Don't Ever Change
Crédito: Gettyimages


Grilos e Besouros - parte 5

Devido ao grande sucesso de Buddy Holly & The Crickets junto aos jovens ingleses, a banda acabou fazendo uma história turnê pelas ilhas britânicas. Entre os espectadores dos shows feitos em terras britânicas estavam dois futuros rockstars Paul McCartney e Mick Jagger.

Words of Love foi composta e gravada por Buddy em 1957 e foi lançada como single tendo como lado B Mailman Bring Me No More Blues [falamos dessa música num post anterior]. Nessa versão original, Buddy toca as duas guitarras e faz os dois vocais. Acredita-se que ele tenha sido o pioneiro no uso do recurso chamado double track que permite a gravação de duas trilhas uma sobreposta à outra, dando a impressão que foram tocadas ao mesmo tempo (por exemplo, uma voz fazendo harmonia para outra). Os Beatles usaram muito esse recurso em seus discos.

A letra da música fala, obviamente, de doces palavras de amor que um cara espera ouvir de sua amada. Curiosidade: John usa um trecho da música - the words I long to hear [as palavras que eu gostaria de ouvir] - na sua composição All I've Got to Do do álbum With The Beatles (1963.), onde troca o "I" por "you".

A canção entrou no repertório dos Beatles em 1958 e até 1962 ela era cantada por John e George nos shows da banda. Foi tocada em alguns programas que os Beatles fizeram na BBC e quando gravaram a canção no álbum Beatles For Sale, Paul passou a fazer o dueto com John. Ringo toca bateria e faz uma percussão batendo as baquetas num caixote ou mala, numa homenagem ao baterista dos Crickets Jerry Allison. Quem ouve a música tem a impressão que são palmas batidas em colcheia.

Além dos Beatles, há versões de Words of Love com The Diamonds (gravada no esmo ano que a original), Jessica Lea Mayfield e Pat DiNizio (Smithreens) num álbum em homenagem a Buddy Holly gravado em 2009, por ocasião dos 50 anos de sua morte. Paul canta e toca um trechinho dela no documentário The Real Buddy Holly Story (1985). Há uma música do grupo californiano The Mamas & The Papas chamada Words of Love que nada tem a ver com a composição de Buddy a não ser o título.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: vocal principal, baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria, percussão num caixote

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesebooks.com/words-of-love
http://www.beatlesbible.com/songs/words-of-love/
http://buddyholly.pagesperso-orange.fr/page3.htm


Álbum da discografia americana dos Beatles
que contém Word of Love


quinta-feira, 17 de março de 2011

Grilos e Besouros - parte 4

Os Crickets e os Beatles tem muitas coisas em comum, a começar pelo nome, uma referência a insetos. A banda americana optou pelo nome para fugir do lugar-comum, pois as bandas ou grupos vocais eram sempre batizados com nomes de pássaros. Já no caso dos Beatles, em 1960, o então baixista da banda, Stu fez uma brincadeira num pedaço de papel usando o nome Crickets [grilos], pensou em insetos e aí veio Beetles [besouros], que John fez questão de emendar para Beatles. Hora dessas eu conto essa história.

Crying, Waiting Hoping foi composta e gravada por Buddy sem os Crickets em 1958, quando fez suas derradeiras sessões de gravação, tendo sido lançada após sua morte como lado B do single Peggy Sue Got Married (1959). Nessa sessão, participou o grupo vocal Ray Charles Singers.

A música era uma das mais tocadas pelas bandas do emergente Mersey Beat e os Beatles não ficaram atrás. Ela aparece em pelo menos três ocasiões na história da banda: fez parte do set list para o teste da Decca Records, ainda contando com Pete Best na bateria, onde os Beatles acabaram sendo recusados. Apareceu em vários programas que os Fab 4 fizeram para a BBC de Londres (1963-1965), já com Ringo, tendo sido lançada no álbum Live at BBC (1994) e foi lembrada depois em 1969 durante as Get Back Sessions (foi gravada provavelmente em 29 de janeiro daquele ano). Nesse cover (especialmente a versão da BBC), George mostra sua versatilidade como guitarrista solista, pois o solo ficou exatamente igual à versão original (feito pelo guitarrista de estúdio Don Arnone), além de fazer o vocal principal.

A letra fala do rapaz que levou um fora da amada mas se agarra à esperança de reconquistá-la. Além dos Beatles, ela foi interpretada por Marshal Crenshaw no filme La Bamba (1987) e em sua trilha sonora. Crenshaw fez o papel de Buddy naquele filme. Outra versão é a interpretada pela cantora e compositora Cat People.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: backing vocal, guitarra rítmica
Paul: baixo, backing vocal
Ringo : bateria (BBC e Get Back)
Pete Best: bateria (Decca Tapes)

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/crying-waiting-hoping/
http://buddyholly.pagesperso-orange.fr/homepage.htm

Decca Tapes: Pete Best ainda era baterista dos Beatles

Grilos e Besouros - parte 3

Embora Buddy Holly tenha crescido e vivido no meio Country, sua versatilidade e ecletismo eram bastante evidentes. Ele podia ir de uma conotação mais voltada ao estilo do Grand Ole Opry (a versão primitiva de That'll Be The Day), pelo Rockabilly (Rock Around Ollie Vee e Oh Boy) e até Rhythm & Blues (Not Fade Away) e baladas orquestradas (It Doesn't Matter Anymore).

Neste post vamos fazer um crossover entre essa série específica sobre covers de Buddy Holly e a série Get Back Sessions falando de Not Fade Away, canção escrita em 1957 por Buddy usando seu nome de batismo Charles Hardin, dando o crédito de co-autor a Norman Petty, o produtor dos Crickets por mera formalidade. Holly era fascinado pelo estilo de Bo Diddley, uma mistura entre R & B e rítmo africano e construiu a música com essa estrutura. Em suas últimas sessões em estúdio, Buddy chegou a gravar um cover da principal canção de Ellas McDaniel (outro nome usado por Bo Diddley) chamada Bo Diddley, que foi lançado num álbum póstumo. A canção foi lançada como lado B do single Oh Boy e fez parte do primeiro álbum The Chirpin' Crickets. A letra fala de uma proposta de amor eterno que não vai desaparecer

Como grandes admiradores dos Crickets é de se supor que essa música fizesse parte do repertório dos Beatles, embora não existam registros dela nessa fase dos Fab 4. Quando eles começaram as famigeradas Get Back Sessions, Not fade Away foi lembrada e eles chegaram a ensaiá-la no dia 29 de janeiro de 1969, misturando com a já citada Bo Diddley num Rock do Beatle Doido.

Uma das versões mais conhecidas da canção é a que foi gravada pelos Rolling Stones em seu álbum de estréia (versão americana) em 1964. Além dessa podemos citar os covers de Bob Fuller Four, Rush, Status Quo, Grateful Dead, Bruce Springsteen & E-Street Band e Supremes, que a gravaram em 1964 mas só foi lançada em 2008 (!!).

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria
Billy Preston: teclados

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/features/get-back-let-it-be-sessions-complete-song-list/

Buddy Holly: o Rock and Roll nunca vai desaparecer

quarta-feira, 16 de março de 2011

Grilos e Besouros - parte 2

Outro grande músico britânico que rende tributo a Buddy Holly & The Crickets é Mick Jagger. Apesar de os Rolling Stones fazerem parte da vertente mais ligada ao Blues (Muddy Waters, Lightinin' Hopkins e T-Bone Walker, entre outros) ele e Keith Richards sempre foram entusiastas dos Rockers americanos como Buddy, Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis e Bo Diddley.

Outra música de Buddy Holly & The Crickets que fazia parte do repertório recorrente dos Beatles em sua fase pré-Parlophone é a quase obscura Reminiscing, que foi composta por Buddy provavelmente em 1958. Foi dado o crédito de co-autoria ao lendário saxofonista King Curtis (biografia aqui), um virtuoso músico de estúdio que teve no currículo, além das gravações com Buddy Holly,  trabalhos com os Coasters e uma grande parceria com Aretha Franklin em sua fase inicial. Curiosidade: The Kingpins, banda de apoio de Aretha e que tinha Curtis em seu line up abriu o memorável show dos Beatles no Shea Stadium em 1965.

A canção, só foi lançada em 1962, uns três anos após a morte de Buddy através do álbum homônimo.A letra da canção fala sobre alguém relebrando um fato que lhe causou muita mágoa.

Essa música entrou para o repertório dos Beatles logo que foi lançada através de um single na Inglaterra e o único registro gravado pelso Fab 4 é o do show do Star Club em Hamburgo, que foi lançado em 1977 (Live at Star Club, 1962).

Ficha técnica:
George: vocal principal, guitarra líder
John: guitarra rítmica
Paul: baixo
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatles-discography.com/songs/?title=reminiscing
Star Club (1962) - lembranças de um bom show

Grilos e Besouros - parte 1

Buddy Holly & The Crickets foi uma das principais bandas do advento da Primeira Onda, tendo sido  grande influência para as então emergentes bandas britânicas do início da década de 60 que se destacaram no chamado Mersey Beat. Como não poderia deixar de ser, os Beatles beberam muito na fonte daquela banda americana, tanto que seu repertório tinha vários covers deles. Neste post e nos próximos, vamos falar das canções dos Crickets das quais existe o registro da da interpretação dos Beatles em sua trajetória. Vamos falar um pouco sobre algumas curiosidades sobre o grupo. A biografia de Buddy Holly foi escrita num post do blog Biografias Musicais.

Para começar a série, vamos falar de uma das principais músicas dos Crickets That'll Be the Day, que foi escrita em 1956 por Buddy Holly e Jerry Allison (baixista dos Crickets) e tem creditado o nome do produtor da banda Norman Petty, embora ele não tenha participado do processo criativo. Holly, Allison e o primeiro guitarrista dos Crickets Sonny Curtis - não creditado na composição - tiveram a ideia do título ao assistirem ao filme The Searchers (Rastros de òdio) , onde o lendário John Wayne frequentemente usava a frase That'll Be The Day (algo como "esse será o dia"). Os Crickets gravaram uma primeira versão da música, que tinha uma levada mais Country, numa sessão realizada em Nashville. No ano seguinte, gravaram a versão mais conhecida que saiu no primeiro single dos Crickets (com lado B I'm Looking For Someone to Love) e em seu álbum The Chirpin' Crickets. Curiosidade: uma parte da letra tem um tom premonitório para Buddy ("esse será o dia quando eu morrer"), o vocalista principal.

Em 1958, quando os Quarrymen gravaram um disco demo no estúdio de Percy Phillips, escolheram That'll Be The Day e uma composição de Paul e George, On Spite of All the Danger. Naquela ocasião, além do trio central que faria história nos Beatles nos anos 60 (John, Paul e George), a banda contava com o baterista Colin Hanton (um dos fundadores dos Quarrymen) e o pianista John "Duff" Lowe que atuava na banda ocasionalmente. O tal disco acabou sumindo, depois de temporadas na casa de um ou outro membro da banda, tendo sido reencontrado em 1994 [quase trinta anos depois] e escolhido para fazer parte do álbum Anthology (1995).

Em 1973, Ringo participou de um filme chamado That'll Be The Day, protagonizado por David Essex e que contava a trajetória de um rapaz da classe operária inglesa no final dos anos 50 que tentava a sorte no mundo do Rock (talvez baseado na biografia de John). O curioso é que a música de Buddy Holly não está incluída na trilha sonora desse filme.

Paul comprou os direitos desta canção e de todo o catálogo de Buddy Holly em 1979.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: backing vocals, harmonias, guitarra
George: guitarra líder
Colin Hanton: bateria
John "Duff" Lowe: piano

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/thatll-be-the-day

album-the-chirping-crickets
Disco de estréia de Buddy Holly & The Crickets

terça-feira, 15 de março de 2011

"Seo" Luar é meu amigo

Para o título do post, fiz um trocadilho entre uma frase da música Banho de Lua ("Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve") da nossa eterna Rainha do Rock brasileiro Celly Campello e a canção que vai ser tratada neste post. Sabem qual é? Ganhou um doce quem disse Mr. Moonlight!

A música foi composta em 1962 por Roy Lee Johnson e gravada originalmente por Piano Red, usando o pseudônimo Dr. Feelgood & The Interns. Foi lado B do single Dr. Feelgood e a canção estaria relegada ao limbo dos lados B's de discos lançados não fosse o fato de os Beatles, ainda em sua fase pré-Parlophone, usarem como estratégia tocar tais músicas em seus shows, diferenciando de outras bandas que preferiam os temas principais dos discos.

Piano Red (pseudônimo do pianista William "Willie" Lee Perryman) nasceu em 19 de outubro de 1911 em Hampton, Georgia que tinha uma peculiaridade curiosa: ele era um afro-americano albino. Aprendeu piano muito cedo e tentou a sorte tocando em clubes. Só foi estourar quando tinha quase quarenta anos em 1950 com os singles Rockin' With Red e Red's Boogie que alcançaram o top 5 das paradas de Rhythm & Blues. Em 1961, conheceu o guitarrista Roy Lee Johnson e formou a banda Dr. Feelgood & The Interns. Johnson é o compositor de Mr. Moonlight e o vocalista principal da versão original. Mesmo depois de Willie e Roy seguirem caminhos opostos, o pianista aprticipou de festivais de Blues e Jazz itinerantes pela Inglaterra granjeou o carinho dos músicos ingleses do final da década de 60 como o futuro guitarrista dos Wings Henry McCulloch (que batizou um pub do qual era dono com o nome Dr. Feelgood) e a banda Badfinger que lhe rendeu homenagem com a música Piano Red [note que tanto McCulloch e o Badfinger fazem parte da cronologia dos Beatles em momentos distintos].Willie morreu de câncer em 1985.

No show que os Beatles fizeram no Star Club em Hamburgo em 1962 (que virou o semi-oficial Live at Star Club, 1962), aparece uma versão mais primitiva da música. Depois, entrou para o repertório da banda em shows pela BBC e seria, enfim, colocada no set list das sessões do álbum Beatles For Sale (1964), que foi o penúltimo disco a conter covers.

A música é uma interessante mistura de Rhythm & Blues e levada latina e sua letra fala sobre a amizade de um cara com o "Senhor" Luar, que lhe concedeu o amor de sua vida. Lua é sinônimo de romance, capisce?

A música tem a curiosa introdução numa música gravada pelos Beatles de um tambor africano tocado por George e um solo de órgão Hammond muito bem tocado por Paul, além do grito inicial de John que faz estremecer as bases de quem ouve a canção. No álbum Anthology (1995) há um outtake onde ao invès do Hammond é o solo de guitara de George que entra em evidência.

Além dos Beatles, Mr. Moonlght foi gravada por The Hollies e The Merseybeats. Deve haver alguma outra versão obscura que o leitor pode indicar através dos comentários. Eu dou o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, violão
Paul: backing vocals, baixo, órgão Hammond
George: guitarra líder, tambor africano
Ringo: percussão, talvez bongôs

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/mr-moonlight/
http://www.beatlesebooks.com/moonlight
Piano Red (primeiro à esq.) ou Dr. Feelgood & The Interns:
os primeiros a tocarem Mr. Moonlght

Seltaeb so e Nevohteeb

Que raio de título é esse? Que língua é essa? É algum palavrão? Essas são algumas das perguntas que algum leitor pode fazer sobre o título do post. O título é Beethoven e os Beatles ao contrário. Podem conferir. Por que isso? É só uma piada com a matéria do post.

Vamos falar neste post de Because, uma bela composição de John, creditada a Lennon & McCartney que fez parte do álbum Abbey Road. Tudo começou quando num certo dia do ano de 1969, Yoko estava tocando ao piano a famosa Moonlight Sonata de Ludwig Van Beethoven. Ao ouvir a peça, veio um estalo na mente de John e ele pediu para Yoko tocar a música ao contrário. A partir disso, começou a compor Because. Entenderam agora o porquê da brincadeira no título?

John e Paul bolaram as harmonias vocais evocando o estilo dos Beach Boys. Elas são o supra sumo da canção. Foram gravadas triplamente para dar a impressão de um coro de nove vozes. Usando as técnicas de stéreo, os engenheiros de som conseguiram separar as vozes da parte instrumental, criando um efeito bonito quando a voz dos Beatles fica em evidência. Essa "versão a capella" apareceu no álbum Anthology 3 (1997). A canção foi a última a ser gravada para o álbum. Ringo não participa da faixa.

Há muitas versões da música gravada por outros artistas, dos quais destacamos Gary McGarland, Lynsey de Paul, Devo e Alice Cooper para o filme Sgt. Pepper's (1978). Recentemente, podemos citar a versão da violinista Vanessa-Mae para o álbum George Martin's In My Life e a interpretada por Elliott Smith.

Ficha técnica:
John: vocal principal tripla (a  voz intermediária), guitarras rítmica e líder
Paul: vocal principal tripla (a voz mais aguda), baixo
George: vocal principal (a voz mais grave), moog
George Martin: harpsicórdio

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/because/

Ludwig Van Beethoven (1770-1827), co-autor de Because?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ensaios Caseiros - início

Os Beatles têm uma fonte inesgotável de material que nunca foi lançado oficialmente. A pré-história dos Beatles conta com uma série de canções que foram gravadas na casa de Paul entre abril e junho de 1960 que foram lançadas como bootlegs. A curiosidade é a participação de Stuart Suttcliffe nas gravações, sendo o único registro fonográfico dele como participante da banda. Ele havia, inclusive sugerido o nome The Beatals à banda, que àquela altura já não usavam o nome Quarrymen. A compílação das músicas tem vários nomes. The Quarrymen at Home 1960 foi um deles. Não há como precisar exatamente a data das gravações, portanto, o leitor está convidado a me dar uma força dando essas informações.

Para começar, falemos de uma das raras vezes em que Paul e George assinaram juntos uma composição. Estamos falando de Well Darling, que parece ser uma música bem simples que evoca Everly Brothers, uma das influências dos Beatles. Paul e George cantam o refrão e cada um canta uma estrofe alternada. Ali, George mostra sua destreza como guitarrista solista. É provável que tenha sido gravada em abril de 1960.

In Spite of All the Danger, uma outra composição creditada a McCartney & Harrison foi gravada em 1958 no acetato que eles fizeram no estúdio de Percy Phillips e só foi lançada oficialmente no álbum Anthology (1995).

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, guitarra
George: vocal principal, guitarra
John: guitarra
Stu: baixo

Fonte:
http://www.beatlesource.com/savage/1960

Casa de Paul na Fortlin Road nº 20 (1960)
Crédito da Foto: http://www.beatlesource.com/savage/1960

domingo, 13 de março de 2011

Não Aborreça o George parte 3

Nossa! Esse post está dando pano pra manga. Novamente estava eu numa navegação básica na Internet e me deparei com mais duas versões de Don't Bother Me. Não podia perder o "gancho" e cá estou postando esses novos dados.


A primeira versão vem da França e foi interpretada pelo grupo Les Lionceaux como o nome Mais Ne Viens Plus no disco  Je te veux tout à moi (1964), onde há outras músicas dos Beatles cantadas em francês. A banda foi formada em 1961 como grupo de Rock Instrumental no melhor estilo The Shadows, acompanhando alguns cantores locais como Johnnie Halliday, considerado o Elvis francês. Quando houve o estouro da Beatlemania, a França acabou se rendendo aos Fab 4 e os músicos franceses aderiram ao estilo. Les Lionceaux (que significa "os leõezinhos") não se fizeram de rogados e também entraram na onda. Após um sucesso expressivo, eles se separaram em 1966 mas acabaram voltando em 1993 e hoje em dia são uma banda de revival.


A outra versão foi gravada pela banda The Bells, uma das muitas que existiam na época da Jovem Guarda. A banda surgiu no início dos anos 60 e a exemplo dos Jordans e dos Incríveis, seus contemporâneos, os Bells também iam pelo caminho do Rock Instrumental. Isso até o advento da Jovem Guarda. A partir daí, tornaram-se uma das principais bandas do movimento, muito requisitados para acompanhar as grandes estrelas da JG como Roberto, Erasmo, Eduardo Araújo, Wanderley Cardoso, entre outros. Eles foram homenageados pelo Tremendão Erasmo Carlos no clássico da JG Festa de Arromba ("os Bells de cabeleira não podiam tocar, enquanto a Rosemary não parasse de dançar). Passada a Jovem Guarda, o grupo se separou e 20 anos depois, voltou a se reunir com um repertório mais eclético, estando na ativa até hoje em dia em torno do baterista fundador Ari.


Se alguém conhecer alguma outra versão, não se acanhe em informar nos comentários. Eu dou o devido crédito.


Fonte:
Wikipedia (em francês)
http://leslionceaux.centerblog.net/
http://www.myspace.com/bandathebells

Les Lionceaux e Johnnie Halliday em 1965



Capa de um disco do The Bells (1965)






















sexta-feira, 11 de março de 2011

Mamãezinha querida

Quem conhece a história dos Beatles sabe o quanto John era ligado à mãe, Julia Stanley Lennon que, embora não fosse presença constante na vida do menino num determinado tempo, foi fundamental para forjar seu caráter contestador e ferino e por sua genialidade que causou uma grande revolução na história da música do século XX. Muitos escritores/autores procuram explorar essa relação do líder dos Beatles com sua mãe, chegando a dizer que era algo edipiano [Não cabe a mim julgar, só estou escrevendo um post]. A verdade é que John compôs belas canções a partir de suas reminiscências infantis. Julia foi uma delas.

John começou a escrever a canção em 1968 quando os Beatles estavam na Índia, aproveitando o estilo dedilhado de tocar violão folk que havia aprendido com o amigo Donovan, que também estava naquele país com a banda. A bem da verdade, John quis falar não só da mãe como aproveitou a letra para fazer uma referência à sua amada Yoko Ono, a quem havia conhecido uns 2 anos antes [principalmente nos versos Oceanchild (significado em inglês para o nome de Yoko) calls me, algo como "criança (ou filha) do oceano me chama". Outro termo usado que fala de Yoko é "seashells eyes [olhos de concha]. A primeira parte da letra [Half of what I say is meaningless / But I say it just to reach you, Julia (metade das palavras que falo não tem sentido / mas as uso só para te alcançar, Julia] tirou do poema Sand and Foam do poeta libanês Kahlil Gibran.

É a única canção dos Beatles a contar com John tocando e cantando (com voz e guitarras dobradas) e é um momento sublime e pungente do álbum. Há uma versão primitiva da canção gravada na casa de George em Esher onde os outros Beatles participam fazendo coro à voz de John e há assobios no final.

Em 1990, durante um tributo a John, seu filho Sean cantou uma linda versão da canção. Não conheço nenhuma outra versão além desta o que deixo em aberto ao leitor informar nos comentários. Quem quiser informar mais alguma coisa, darei os devidos créditos.

Para finalizar, vejam só a coincidência: amanhã, 12 de março é o aniversário de Julia Lennon. Se estivesse viva, ela estaria completando 97 anos. Quando comecei a escrever o post, não me dei conta disso. Coisas de blogueiro...

Ficha técnica:

John: vocal principal dobrado, violão dobrado

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/julia/
John e sua mãe Julia: momentos felizes



quinta-feira, 10 de março de 2011

Get Back Sessions: começa aqui

Vamos começar neste post uma série que vai falar sobre uma das maiores fontes de bootlegs dos Beatles, as Get Back Sessions.

Tudo começou em janeiro de 1969 quando Paul, então alçado à condição de líder da banda propôs um projeto que levasse os Beatles às suas origens mais remotas, com os quatro tocando seus instrumentos e sem as trucagens (overdubs, orquestrações, etc.) que revolucionaram o trabalho da banda. Tudo seria gravado para um disco que teria o sugestivo nome de Get Back, que resultaria num filme da banda e numa possível volta dos Beatles às turnês, que eles pararam de fazer em 1966. Começava a "interminável" maratona de ensaios e jam sessions que forneceria inúmeros discos pirata da banda.

Para "inaugurar" a série, falemos de Commonwealth, uma jam improvisada creditada a Lennon & McCartney que nunca foi gravada em discos oficiais dos Beatles, pois Paul não gostou do resultado final. A música acabou dando origem ao clássico beatleniano Get Back. Consta que teria sido gravada em 9 de janeiro de 1969
Na letra, mais falada do que cantada, John e Paul criticam veemente a política britânica referente à imigração em voga na época. [Algum leitor sabe de algo mais? Pode se pronunciar nos comentários que dou o devido crédito].

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, baixo
John: backing vocal, guitarra rítmica
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/features/get-back-let-it-be-sessions-complete-song-list/


John e Paul: "metendo o pau" na política
de imigração da Comunidade Britãnica


Desafinado by The Beatles

Os Beatles gravaram esse clássico da Bossa Nova? Leia o post e você vai entender.

Only a Northern Song foi escrita por George em 1967 durante as sessões do álbum Sgt. Pepper's e começou a ser gravada com o título provisório de Not Known (desconhecido). Segundo George Emerick, engenheiro de som que trabalhou com os Beatles, ela foi deixada de fora por não combinar com as outras  músicas escolhidas para figurar no álbum. Só foi conhecer a luz do dia no álbum Yellow Submarine (1969), que foi feito aproveitando algumas coisas "enjeitadas" pelos Fab 4 dois anos antes.

Embora a música fale da localização de Liverpool (ao norte da Inglaterra), é uma crítica velada à predominância das composições de John e Paul nos álbuns dos Beatles e na editora que publicava a música da banda a Northern Songs. Você pode notar o sarcasmo de George em versos como "It doesn't really matter what chords I play What words I say or time of day it is As it's only a Northern song" ("realmente não importa que acordes toco, que palavras falo ou que horas são, é só uma canção da Northern"). Repare na letra da canção que a desafinação é proposital e faz parte do protesto de George. Isso chega a lembrar a proposta de João Gilberto quando compôs o clássico da Bossa Nova "Desafinado".

Numa parte instrumental da música percebe-se a seção de sopro de Sgt. Pepper's e os acordes ao acaso de Revolution 9 [do White Album].

Ficha técnica:
George: vocal principal, órgão, efeitos
John: glockenspiel (uma espécie de xilofone), piano, efeitos
Paul: baixo, trumpete, efeitos
Ringo: bateria, vozes ocasionais no final

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/only-a-northern-song/


George e sua versão no desenho Yellow Submarine

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu acho que vi um gatinho...

Vou aproveitar uma frase do Piu Piu, personagem da Looney Tunes para começar esse post que fala sobre uma das primeiras composições atribuídas a Paul: Catswalk.

Os Beatles tinham em seu repertório alguns números instrumentais que a banda fazia desde os anos 50, quando ainda se chamavam The Quarrymen, como os covers Guitar Boogie Shuffle (Bert Weedon), Movin' and Groovin/Ramrod (Duane Eddy) e Raunchy (Bill Justis) além de coisas próprias como Cayenne (Lennon & McCartney) e Cry For a Shadow (Harrison & Lennon).

Num ensaio do Cavern Club, provavelmente ocorrido em outubro, já contando com Ringo como baterista oficial, a banda resolveu gravar algumas coisas como uma versão primitiva de I Saw Her Standing There, dois takes de One After 909 e dois de Catswalk, sendo essa última creditada apenas a Paul, algo inusitado naquela época. É uma música instrumental cujo estilo remete, talvez a The Ventures ou The Shadows, contemporâneos dos Beatles que àquela altura já eram muito famosos na Inglaterra.

O interessante é que os Beatles não gravaram peças instrumentais em seus discos oficiais até 1967 quando Flying fez parte do álbum Magical Mystery Tour (1967).

Catswalk continuou no "limbo" até 1967 quando a banda Chris Barber Jazz Band se interessou em gravá-la usando o nome de Catcall (com Mercy Mercy Mercy como lado B), contando com a participação de Paul cantando num coro de vozes. Barber era reverenciado entre os músicos britânicos e gravar uma coisa (mesmo que obscura) dos Beatles deve ter sido uma honra e tanto.

Ficha técnica:

Paul: baixo
John: guitarra rítmica
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesource.com/bs/mains/audio/xCavernReh/pg2.html
http://rateyourmusic.com/list/snellius/beatles__the_beatles_for_others__the_giveaways_

Os Beatles ensaiando no Cavern Club em 1962

Não Aborreça o George parte 2

Lembram-se quando falamos de Don't Bother Me? Quando escrevi o post não fiz uma pesquisa cabal sobre versões daquela canção. Quando eu estava verificando algumas coisas que baixei na internet, PIMBA: lá estava um cover da composição.

Quem gravou um cover de Don't Bother Me foi o cantor e ator britânico Gregory Phillips num single lançado em 1964 (lado B Make Sure That You're Mine) que foi um grande fracasso comercial (a exemplo do que aconteceu com outro cantor britânico, Tommy Quickly, que gravou material dos Beatles mas isso é mote para um futuro post).

Duas coisas a destacar: foi o primeiro cover de uma composição de George e teve a participação do futuro guitarrista dos Yardbirds e do Led Zeppelin, Jimmy Page, numa de suas primeiras incursões como músico de estúdio.

Não há muita informação sobre Gregory Phillips. Só se sabe que ele atuava na TV britânica em dramas infantis e que começou a tentar a sorte como cantor em 1963 gravando alguns singles, todos sem sucesso, apesar de ótimos compositores (Mitch Murray, Joe Brown e o nosso George) e um músico talentoso (Jimmy Page).

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://eil.com/shop/moreinfo.asp?catalogid=484519




Capa do single de Gregory Phillips (crédito www.eil.com)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Baseado no Soul

Num post anterior, havíamos falado da influência que o Soul tinha sobre os Beatles. O primeiro indício desse fascínio veio quando eles gravaram You Can't Do That e When I Get Home, duas canções que figuraram no álbum A Hard Day's Night (1964) com uma levada que remetia ao som da Motown e segundo John, uma homenagem a Wilson Pickett, grande soulman.

Quando os Beatles estavam compondo material para o álbum Revolver (1966), Paul teve a ideia de uma música que soasse ao estilo de metais de Soul de gravadoras como a Motown e a Stax, das quais os Beatles eram aficcionados. Para escrever a letra, Paul saiu do lugar comum. Ao invés de uma letra tendo como referência a amada e o sentimento de amor (uma de suas marcas registradas) fez uma homenagem à maconha, como ele mesmo confessou anos depois [um leitor mais atento vai endender o título do post]. Não se sabe ao certo quando os Beatles começaram a fumar maconha e nem quero entrar no mérito da questão. O fato é que Got to Get You into My Life é uma ode à marijuana. Veja a letra.

Segundo Mark Lewinsohn, que escreveu um livro sobre as sessões de gravações dos Beatles, foi a segunda música a ser gravada para o Revolver, seguida de Tomorrow Never Knows. O engraçado é que as duas músicas gravadas primeiro foram colocadas por último na sequencia do álbum. Nos primeiros takes, a banda teve a ideia de colocar algumas vocalizações em torno do vocal principal. Mas conforme a sessão ia transcorrendo, a proposta foi abandonada e ficou do jeio como nós conhecemos: um naipe de metais fazendo a introdução e apenas o vocal de Paul na música toda. Quase no final, George faz um riff que remete a Paperback Writer. A versão inicial com os backings foi lançada no álbum Anthology 2 (1995).

Quando a música inda estava em fase de "gestação", no início de 1966, Paul mostrou-a a Cliff Benett, cuja banda The Rebel Rousers, tocou com os Beatles durante a derradeira turnê dos Fab 4. Como a música seria lançada no álbum e não em single, Bennett propôs a Paul usá-la num disco de sua banda com a produção do Beatle. Não deu outra: a versão de Cliff Bennett & The Rebel Rousers alcançou o sexto lugar nas paradas britânicas.

Em 1976, a versão do Revolver foi lançada como single da coletânea Rock and Roll Music, tendo como lado B Helter Skelter.

Em 1978, a música foi regravada pelo grupo de Soul Earth Wind & Fire num single e numa coletânea. Foi um estrondoso sucesso do EW &F. Figurou, ainda, no filme Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band lançado naquele ano.

Há outras versões conhecidas que foram interpretadas por Blood Sweat & Tears, Tina Charles, Thelma Houston, Diana Ross e Four Tops [estes dois últimos, por coincidência, artistas da Motown], entre outros.

É parte recorrente do repertório dos shows que Paul tem feito em sua carreira pós-Beatles.

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, baixo
John: guitarra rítmica
George: guitarra líder
Ringo: bateria, pandeiro
George Martin: órgão
Naipe de metais (brass ensemble)
Eddie Thornton, Ian Hamer, Les Condon: trumpetes
Alan Branscombe, Peter Coe: sax tenor

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/got-to-get-you-into-my-life/


Paul em 1966: Muito Soul