segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Los Beatles y su latinidad: Step Inside Love/Los Paranoyas

Na esteira do post anterior, vamos falar de outras duas canções das sessões de gravação de I Will.

A primeira é Step Inside Love, uma gave away song que Paul havia composto em 1968 para Cilla Black, uma das protegidas de Brian Epstein, o empresário dos Beatles. Cilla já havia gravado outras canções cedidas por Lennon & McCartney como Love of The Loved e It´'s For You. Paul havia gravado uma demo em 1967, que se tornou um bootleg.

É uma bela canção com uma levada bem ao estilo da Bossa Nova em que as características românticas de Paul como compositor são perceptíveis. A letra fala sobre o sentimento de proteção que o amor traz. No caso da sessão de I Will, a banda tocou um trecho da música e já emendou com a próxima.

Los Paranoyas começa com Paul anunciando uma banda fictícia chamada Joe Prairie and Prairie Wallflowers, no que John emenda com Los Paranoyas, talvez uma brincadeira com um grupo latino que apareceu em programs da BBC nos anos 50 chamado Trio Los Paraguayos que tocou no mesmo show que os Beatles fizeram para a rainha em 1963. Seguindo a brincadeira, vem uma "bossa nova do inglês doido" com Paul cantando algo como "Los Paranoyas convidam vocês para que os divirtam" e John repetindo com voz cômica: I can't make it! [= não posso fazer isso!] . É mais uma forma de rimar "Paranoyas" com "enjoy us". Não espere muito sentido nessa brincadeira musical  non sense que foi creditada aos quatro Beatles (embora George não tenha participado dela).

Essa divertida jam session foi lançada no álbum Anthology 3 (1997). Quem souber da verdadeira história por trás de Los Paranoyas, por favor, pode dar a referência nos comentários, o que será devidamente creditado. Come on, enjoy us!

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, violão, falas
John: percussão, falas
Ringo: chocalho

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/los-paranoias/
http://www.dmbeatles.com/forums/index.php?topic=8578.0

Joe Praires & Prairies Wallflowers, isto é, Los Paranoyas

Los Beatles y su latinidad: I Will

Com sabemos, os Beatles também adquiriram fascínio pela música latina. tanto que em seus shows ainda como banda obscura, eles tinham em seu repertório Besame Mucho (ainda que a versão do grupo vocal The Coasters). Embora algumas músicas dos álbuns dos Beatles tivessem alguma conotação latina (Ask Me Why, PS I Love You And I Love Her, principalmente) foi só em 1968 que a veia latina dos Beatles veio à tona numa das sessões do álbum The Beatles (ou White Album). Neste post e no seguinte vamos falar das canções desse set latino.

Para começar, vamos falar de I Will, uma bela composição de Paul que ele fez quando da ida dos Beatles à Índia. Pelo menos a letra Paul compôs durante essa estada dos Fab 4 naquela ex-possessão britânica. Quando começaram a sessão de gravação da música, apesar da ausência de George, começaram a fazer uma brincadeira utilizando elementos latinos. Aí vieram Step Inside Love e Los Paranoyas e um trecho curto de The Way You Look Tonight, uma canção de 1936 de  Dorothy Fields e Jerome Kerns, um dos belos standards daquela década, cuja versão original foi cantada por Fred Astaire no filme Swing Time (lançado em português com o nome Ritmo Louco). Graças, principalmente a essa última, a composição de Paul tomou seu formato final.

letra fala sobre a promessa de amor eterno e é um dos mais belos momentos do White Album, mostrando a característica marcante de Paul como romântico incorrigível. Foi uma de suas primeiras composições  tendo por musa sua namorada Linda, a futura sra. McCartney.

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, harmonias, violão
John: percussão
Ringo: címbalo, bongôs, maracas

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/i-will/


O romântico Paul e sua
eterna musa Linda


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

George interpreta Harrison

E fechando essa série, vamos falar de uma das mais belas canções harrisonianas: I Need You, que mostra a evolução do caçula dos Beatles em termos de composição. Foi a segunda composição dele a figurar num álbum dos Fab 4.

Ela teria sido composta para em 1965 Patty Boyd, namorada de George que ele havia conhecido durante as filmagens de A Hard Day's Night (1964). Os pombinhos casaram-se em 1966 [e se separaram em 1972].

A canção fez parte do álbum Help! (1965) e foi a primeira composição de George a figurar num filme dos Beatles. Uma particularidade de sua estrutura musical é o uso do pedal de volume, criando um belo efeito que influenciou muitos guitarristas aficcionados por George como o nosso Marcus Rampazzo. As harmonias vocais feitas por John e Paul também são dignas de nota.

A letra fala da necessidade que um homem tem de estar ao lado de sua amada.

Nos anos 70, a banda inglesa America gravou uma canção de mesmo nome [que fez um enorme sucesso] mas que nada tem a ver com a composição de George (fora o tema central).

Termino esse post fazendo coro com todos os beatlemaníacos do mundo: HAPPY BIRTHDAY, DEAR GEORGE!

Ficha técnica:

George: vocal principal dobrado, guitarra líder, efeito do botão de volume
John: harmonias, violão
Paul: harmonias, baixo
Ringo: bateria, cowbell

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/i-need-you/

George e Patty: amor que não durou
mas rendeu belas composições
Crédito: 
Fox Photos/Getty Images

George Interpreta Lennon & McCartney

Continuando a série, vamos falar sobre uma das únicas canções interpretadas por George que foram compostas por seus parceiros, John e Paul: Do You Want To Know a Secret?


A bem da verdade, a canção foi composta em sua maior parte por John [embora Paul se considere uns 50% pai da criança], que a teria escrito especialmente para George, tendo como inspiração I'm Wishing, uma canção do clássico da animação da Disney Branca de Neve e os Sete Anões. John, num depoimento teria dito em tom de brincadeira: "eu a compus para George por que tinha só umas três notas e ele não era o melhor cantor do mundo". John acrescentou: "mas ele melhorou muito desde então".

A canção fez parte do álbum Please Please Me (1963) e foi uma das duas contribuições de George para o álbum (a outra música foi Chains, lembra?) e foi lançada um ano depois em single nos EUA com Thank You Girl como lado B. Ela nunca foi lançada desta forma na Inglaterra porque a música havia sido oferecida a Billy J. Kramer with The Dakotas em seu single de estréia (que tinha como lado B I'll Be On My Way, também de Lennon & McCartney) que alcançou o primeiro posto nas paradas britânicas.

A letra fala sobre um segredo de amor partilhado eternamente entre um casal de namorados e foca um pouco na influência dos grupos de Doo Wop sobre a banda [lembra os shoo-ra-roos do corinho feito por John e Paul?].

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: backing vocals, guitarra rítmica
Paul: backing vocals, baixo
Ringo: bateria, baquetas tocadas no middle eight

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/do-you-want-to-know-a-secret/

Quer saber um segredo? George é o cara!

George interpreta Covers

Hoje é aniversário do George e vamos fazer uma homenagem a ele neste e nos próximos dois posts, mostrando algumas de suas facetas enquanto Beatle. Para abrir esta série vamos falar sobre Everybody's Trying To Be My Baby, um dos muitos covers que George cantou com os Fab 4.

Essa musica foi composta e gravada originalmente por Carl Perkins em 1957, uma das grandes influências dos Beatles, sobretudo para George. As músicas de Perkins faziam parte do repertório da banda em seus primórdios e apenas algumas acabaram aparecendo em discos oficiais e bootlegs dos Beatles. Hora dessas eu posto uma matéria sobre o grande Carl Perkins no blog Biografias Musicais.

Everybody's... acabou figurando no álbum Beatles For Sale (1964) e em alguns programas da BBC. Reza a lenda que quando os Beatles estavam gravando as sessões da canção, Carl Perkins estava na cabine de som conferindo os takes feitos pela banda. Imaginem o orgulho dele ao ver seus pupilos prestando-lhe esse tributo...

A letra da canção em estilo Rockabilly fala de um sujeito disputado pela mulherada [no melhor estilo "mamãe passou açúcar em mim" do nosso querido e saudoso Wilson Simonal].

George acabou tocando essa canção junto com seu ídolo num especial chamado Carl Perkins & Friends.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: guitarra rítmica, pandeiro
Paul: baixo
Ringo: bateria

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/everybodys-trying-to-be-my-baby/

George: grande fã de Carl Perkins

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Entre o Skiffle e o Rock and Roll

Quem conhece a história dos Beatles, sabe que tudo começou no final de 1956 quando John e uns colegas de escola formaram uma banda de Skiffle em sua vizinhança na cidade de Liverpool [o filme recentemente lançado O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, no original) explana esse período da pré-história dos Fab 4].

A [hoje lendária] apresentação dos Quarrymen nos jardins da paróquia da Igreja de St. Peter no dia 6 de junho de 1957 teria passado totalmente em branco não fosse o primeiro encontro entre John e Paul, momento decisivo para o contexto histórico dos futuros Reis do Ié Ié Ié. Outro fato que até passou batido à época é que, momentos antes de Mr. L ser apresentado a Mr. M, uns trechos do show haviam sido capturados pelo gravador portátil de um jovem chamado Bobby Molyneux. A intenção dele era testar o aparelho e o show dos Quarrymen pareceu uma boa oportunidade. Dizem que ele até ofereceu a fita para John ao final do show. Afinal, não lhe seria de grande valia. Ledo engano, pois 37 anos depois, Molineux redescobriu a fita ao acaso e viu que se encontrava diante de um registro pré-histórico dos Beatles. Ele tinha gravado a banda tocando Puttin' On the Style de Lonnie Donegan e Baby Let's Play House de Elvis Presley. A qualidade sonora era precária mas, após análise apurada de uns estudiosos foi comprovada a autenticidade do material e o reconhecimento da voz de John na fita, que foi posta em leilão na Sotheby's e arrematada pela EMI pelo montante de setenta e oito mil e quinhentas libras. A intenção da gravadora era disponibilizar o áudio para uma série que abordaria as origens dos Fab 4. O material acabou se transformando bootleg e atualmente é facilmenete encontrado na internet, o que não diminui o fascínio dos beatlefans quanto a ouvir a voz do então rapazinho iniciante que se tornaria uma das grandes lendas do Rock and Roll.

Os Quarrymen não tinham lá um repertório muito grande, o que fez com que eles misturassem algumas canções tradiiconais como Maggie May (uma das primeiras músicas que John aprendeu a tocar) e Cumberland Gap; alguns covers de Lonnie Donegan como Puttin' On The Style e  Rock Island Line [o grande hit desencadeador do Skiffle na Inglaterra] com algo do Rock americano como Baby Let's Play House (Elvis) e Come Go With Me (Del-Vikings). A entrada de McCartney na banda alguns meses depois iria enriquecer bastante a música da banda.

Embora a versão interpretada por Donegan seja a mais conhecida, Puttin' on The Style (composta por Norman Cazden) foi gravada originalmente no estilo country em 1920 por Vernon Dalhart.

Baby Let's Play House foi composta e gravada originalmente por Arthur Gunter em 1954. Um ano depois, foi a primeira música gravada por Elvis a aparecer nas paradas nacionais. John aproveitou alguns versos para compor, em 1965 a canção Run For Your Life.

Ficha técnica (provável):

John: vocal principal, guitarra
Pete Shotton: tábua de lavar
Eric Griffiths: guitarra
Len Garry: baixo de caixa de chá
Rod Davies: banjo
Colin Hanton: bateria (sua participação não é comprovada)


Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesource.com/bs/to-fete.html




6 de junho de 1957: Os Quarrymen nem imaginavam que estavam fazendo história

O último Beatle a sair, apaga a luz

Este post vai falar da derradeira música gravada em estúdio pelos Beatles entre os dias 3 de janeiro e 1 e 2 de abril de 1970. Depois disso, nunca mais veríamos os Fab 4 juntos num estúdio [pelo menos fisicamente]. Coube a George Harrison encerrar a Epopéia Fabulosa iniciada em 6 de junho de 1962 quando os Beatles fizeram seu primeiro teste no estúdio da EMI. A composição escolhida para este encerramento de ciclo foi I Me Mine, que George havia escrito um ano antes e que aparece no filme Let It Be. A intenção da banda era gravar material para a trilha sonora do filme [Let It Be] que seria lançado naquele ano. John tinha viajado de férias para a Dinamarca e deixou claro aos companheiros sua indisponibilidade "por tempo indeterminado". Sendo assim, George, Paul e Ringo foram ao estúdio para as sessões de gravação. Na época, quando a imprensa perguntou sobre John, George respondeu: "vocês vão ler por aí que o Dave Dee não está mais na ativa, mas Mick, Tich e eu vamos continuar seguindo em frente [ele fez uma brincadeira referindo-se a uma banda inglesa chamada Dave Dee, Dozy, Mick & Tich que fez sucesso com uma música chamada The Legend of Xanadu]. Alguns dias depois da última sessão em Abbey Road, Paul anunciou sua saída da banda e o mundo chorou o fim dos Beatles.

Phil Spector foi o produtor contratado para "dar liga" ao material que os Beatles haviam gravado desde o início de 1969 para o Projeto Get Back que acabou sendo engavetado. I Me Mine foi uma das músicas aproveitadas para o funéreo e derradeiro álbum de estúdio Let It Be (1970).

I Me Mine fala sobre egocentrismo, na prioridade que as pessoas dão ao seu própio "eu". Na verdade ele fala sobre suas experiências intensas com LSD que reforçaram esse sentimento da devoção ao ego. Numa tradução mais livre o nome da canção poderia significar "eu sou mais eu". Foi sse título que George deu á sua autobiografia, publicada em 1980.

Ela é basicamente uma valsa (andamento 3/4), seguida deu ma sequencia bem blueseira. "É uma valsa pesada", George teria declarado mais tarde. Nas primeiras versões, ela seguia uma linha quase beirando o estilo flamenco, mas os elementos de valsa já estavam lá. A cena do filme Let It Be com John e Yoko dançando enquanto os outros Beatles tocavam é emblemática.

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/i-me-mine/

Ficha técnica:

George: vocal principal, harmonias, guitarra líder, violão
Paul: harmonias, baixo, órgão Hammond, piano elétrico
Ringo: bateria
Músicos de estúdio (não creditados): 18 violinos, 4 violas,
4 violoncelos, 3 trompetes, 3 trombones e harpa

Capa do livro autobiográfico de George

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Vôo dos Besouros

Até gostaria de falar sobre a composição de Rimsky-Korsakov chamada em inglês The Flight of Bumble Bee, que é uma alusão ao nosso post. Mas como os Beatles não a gravaram fica para um novo blog (quem sabe?).

Os Beatles eram fissurados por pássaros e pelo ato de voar [vide suas músicas Norwegian Wood (This Bird Has Flown), And Your Bird Can Sing, Blackbird, Free as a Bird, Back In The USSR ("Flew in from Miami Beach BOAC...")] Faltou alguma música? Faltou sim: Flying, a música da qual vamos falar no post.

Essa música tem dois méritos: é a primeira peça instrumental dos Beatles a figurar num álbum da banda pela EMI e a primeira composição assinada [e cantarolada] pelos quatro Beatles. A música recebeu no início o nome de Aerial Tour Instrumental para figurar no filme feito para a TV Magical Mystery Tour e no EP homônimo. Veja a versão completa.

O estilo dela remete ao vaudeville, que é uma das influências da banda mas beira o psicodelismo, lembrando uma música tocada em clubes de strip tease. Em resumo: Teatro Rebolado Lisérgico. Os Beatles usaram pela primeira vez numa gravação o mellotron.

Por falar em strip tease, é notório que os Rapazes de Liverpool tocaram em inferninhos como banda de fundo para uma stripper chamada Shirley. Seria uma citação?

A verdade é que a música faz juz a seu nome, pois quem a ouve acaba voando mesmo...

Novamente, deixo em aberto: se alguém sabe mais alguma coisa esta música, é só deixar nos comentários que eu dou o devido crédito.

Ficha técnica:

John: voz, órgão, mellotron, efeitos sonoros
Paul: voz, guitarra, baixo
George: voz. guitarra
Ringo: voz, bateria, maracas, efeitos sonoros

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/flying/
Se não acreditam em mim, vejam com seus próprios olhos:
Esses caras voam mesmo!

Beatles e os Carteiros - finale

Este é o noso segundo e último post falando sobre canções interpretadas pelos Beatles tendo os Carteiros como referência. No anterior, falamos de Please Mr. Postman. Desta feita, vamos falar de Mailman [outra forma como os carteiros são chamados lá nos EUA] Bring me no More Blues.

A canção foi composta em 1957 por Ruth Roberts, Bill Katz e Stanley Clayton e gravada originalmente por Buddy Holly como lado B de Words of Love. Como todo mundo sabe, os Fab 4 eram totalmente loucos por Buddy Holly e quando tiveram o single nas mãos, com certeza aprenderam as músicas e já saíram tocando. O lado A do single com certeza fez parte do repertório e acabou sendo gravado no álbum Beatles For Sale (1964) numa versão por vezes considerada melhor que a original.

Em 1969, quando eles começaram a desenvolver o projeto Get Back, "desenterraram" várias músicas dos seus tempos de clubes (Cavern Club, Star Club, Jacaranda, Casbah) para ensaios e jams aleatórios. Foi aí que Mailman voltou à evidência, tendo sido gravada em 25 de janeiro de 1969. A versão dos Beatles é um pouco mais lenta se comparada à original de Holly. Após o engavetamento do projeto, a canção ficou melhor conhecida dos beatlefans a partir de bootlegs. Isso até 1997 quando foi escolhida para fazer parte do álbum Anthology 3, que retrata a história dos Beatles de 1968 até 1970.

Alguém sabe mais alguma coisa sobre a canção? Então envie e nós inseriremos no texto, dando o crédito ao nosso querido leitor.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra
Paul: vocal principal, baixo
George: guitarra
Ringo: bateria

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/mailman-bring-me-no-more-blues/


A canção foi lançada do álbum Anthology 3 (1997)

Os Beatles e os Carteiros

Não, os Beatles nunca trabalharam no Royal Mail (o equivalente lá na Inglaterra aos nossos Correios). Na verdade, eles citaram esses profissionais que levam correspondências todos os dias, sendo recebidos às vezes por seus inimigos figadais, os cães [isso é uma lenda que virou estereótipo em alguns lugares do globo]. A verdade é que "faça sol ou faça chuva, os carteiro entrega as cartas". Há duas canções que os Beatles interpretaram que têm os carteiros como personagens. Vamos falar delas neste e no próximo post.

Vamos começar por Please Mr. Postman, composição de Robert Bateman, Brian Holland (da fabulosa trinca de compositores da Motown Holland-Dozier-Holland), Georgia Dobbins (uma das Marvellettes), William Garrett e Freddie Gorman) e que foi gravada originalmente em 1961 pelo grupo vocal feminino The Marvellettes (veja a biografia), tendo como banda de apoio The Funk Brothers e o futuro grande soulman Marvin Gaye na bateria. A canção foi o primeiro "número um" da Motown na Billboard, então uma gravadora com apenas 2 anos de existência e que seria lembrada na história da Música como um dos grandes celeiros de artistas negros dos EUA. A letra fala sobre uma garota que espera uma carta de seu amado que estava na guerra.

Como já dito num post anterior, os Beatles sempre admiraram os chamados Girls Groups como The Shirelles, The Cookies, The Supremes, The Marvellettes, entre outros. Please Mr. Postman já fazia parte do repertório dos Fab 4 desde suas pirmeiras incursões regulares no Cavern Club e em shows pela vizinhança de Liverpool. Em 1963, quando a banda gravou o álbum With The Beatles, resolveram gravar a canção e essa versão seria o parâmetro para gravações futuras de outros intérpretes. Essa é uma daquelas canções que muitos leigos em Beatles pensam ser composição deles (como Twist and Shout, por exemplo).
A canção apareceu em vários programas que os Beatles gravaram na BBC.

Foi regravada em 1974 pelo grupo The Carpenters e chegou aos mais altos postos nas paradas americana, canadense e britânica.

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/please-mister-postman/
The Marvellettes: um grande sucesso da Motown

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Problemas? Chama o Ringo!

Vamos falar de If You've Got Trouble, uma composição de Lennon & McCartney que eles deram para Ringo cantar (a exemplo de I Wanna Be Your Man e a co-parceria de What Goes On, só para ficarmos em algumas). A canção deveria ter feito parte do álbum Help! (1965) mas por eles não terem chegado num produto final satisfatório, pensaram em outra canção para o lugar desta, a toque de caixa. Foi por isso que escolheram Act Naturally de Buck Owens e o Help! saiu do jeito que conhecemos. Mas If You've Got Trouble não ficaria muito tempo relegada ao esquecimento. Ela acabou saindo em diversos bootlegs da banda até ser lançada de forma oficial no álbum Anthology 2 (1996). Antes disso, ela tinha sido gravada pela banda australiana The Beatniks para um disco recheado de gave away songs. Lembraram desta para compor um repertório que contemplasse seu "Ringo". A versão dos Beatniks chega bem próximo do orginal. Ao ouvir, você acha que é o próprio Ringo cantando, tamanha a semelhança do vocal genérico com a voz de Mr. Starkey.
letra fala do sujeito que pede para os amigos não irem chorar as pitangas para ele [cada um com seus problemas...].
Seria interessante se ela tivesse feito parte da trilha sonora do filme Help!, dados so problemas pelos quais o Ringão passa na película.
A banda inglesa The Fortunes gravou no mesmo ano uma canção com o título parecido: You've Got Your Troubles.

Ficha Técnica:

Ringo: vocal principal, bateria
John: backing vocals, guitarra rítmica
Paul: backing vocals, baixo
George: guitarra líder

Help! film
Ringo: "Se você tiver problemas, não conte comigo
para ajudar a resolvê-los. Já basta os que tenho"
Crédito da foto: http://www.dmbeatles.com/picture.php?picture=349
Créditos:
http://www.beatlesbible.com/songs/if-youve-got-trouble/

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Free As A Beatle

Trocadilho bem infame o título deste post, não é mesmo? Tenho que melhorar o meu repertório...
Nessa altura, você que está do outro lado lendo este post já sabe que o assunto é a bela composição de John Free As A Bird, que ele havia escrito em 1977 para um possível musical sobre sua vida e sua obra. Era o segundo ano de reclusão do ex-Beatle que tinha se auto-imposto o exílio do mundo aqui fora. Ele havia se tornado um "dono de casa", fazendo comida, cuidando do baby Sean e esperando a mulher Yoko Ono, que havia assumido a condição de "homem da casa" para contar-lhe sobre seu dia. Nesse período, John gravou bastante coisa com um gravador caseiro. Enquanto isso, no mundo exterior, os seus ex-colegas tocavam a vida, cada um à sua maneira. Paul foi o único que manteve contato com John nesse período. Uma possível volta dos Beatles ainda pairava sobre a cabeça de toda a humanidade, apesar das veementes negativas de seus integrantes quanto a ofertas cada vez mais absurdas para uma reunião da banda. John não estava nem aí e só queria viver para sua família. O tempo passou, o nosso querido John quis fazer um retorno triunfal mas acabou sendo assassinado. No ano seguinte à morte de John, os três ex-Beatles remanescentes começaram a se reunir para tentar desenvolver um documentário deifinitivo sobre a banda. No início, o projeto foi chamado The Long and Winding Road - The Beatles History. Passaram-se duas décadas. Em 1994, Yoko e Paul acertaram suas rusgas e conflitos e a viúva de John deu a ele uma fita cassete com três canções a serem finalizadas. Paul reuniu George e Ringo e mostrou as canções. Então, como nos velhos tempos, eles se reuniram para concluir as composições do amigo. Isso acabou sendo o gancho para a realização do documentário definitivo sobre os Beatles que foi chamado Anthology, que consistiu num tour de force com o velho produtor dos Beatles, George Martin e o amigo e novo parceiro Jeff Lynne (ex-ELO e Travelling Wilburys).
Em 1995, entraram em estúdio e finalizaram Free As  A Bird, cujo original só tinha a voz de John ao piano. Foram adicionados outros instrumentos, linha rítmica, vocais e overdubs mil. Paul e George criaram harmonias vocais e bolaram uma letra para o middle eight onde cada um canta uma parte; Ringo inseriu sua inconfundível levada na bateria e no final, foi colocada uma referência a um clássico da banda Come Together. O produto final deste trabalho se tornou uma legítima Beatles Song.
Free As A Bird tem uma letra singela que fala sobre liberdade e paz. Foi feito um clipe ao melhor estilo de identificar qual música dos Beatles é mostrado em cada cena.

Ficha técnica:

John: vocal principal, piano
Paul: vocal principal, harmonias, baixo, violão, teclados, piano
George: vocal principal, guitarra líder, violão, guitarra slide, harmonias
Ringo: harmonias, bateria
Jeff Lynne: harmonias, guitarra

Juntos como nos bons tempos, livres como pássaros
Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/free-as-a-bird/

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Que miséria, Beatles...

Um doce para o leitor que adivinhou que vamos falar sobre Misery, uma das grandes composições de Lennon & Mccartney, embora ela tenha muito do estilo de John, conforme ele mesmo explicou alguns anos depois: "é um tipo de canção que tem mais a minha cara que a de Paul, mas nós a fizemos juntos". Misery foi escrita em 1963 quando os Beatles faziam uma turnê com Helen Shapiro, uma cantora britânica famosíssima na época. A intenção de John e Paul era dá-la a Shapiro, pois procuraram escrever bem próximo do estilo de apresentação dela. Mas aí, um cidadão chamado Norman Paramor, empresário da cantora, cortou o barato dos dois jovens compositores dizendo que a canção era "inadequada" para sua protegida. Ao invés de cometerem o impropério de resignar a canção ao esquecimento, eles a deram ao cantor/ator Kenny Lynch que foi o primeiro intérprete de uma composição própria dos Beatles, que bem poderia ser incluída na lista das gave away songs, certo? ERRADO! A banda acabou utilizando a canção no álbum Please Please Me (1963) e ela se tornou um clássico da banda, embora nunca tenha sido executada em shows. Mas ela apareceu várias vezes nos programas que os Beatles faziam na BBC. A letra fala de um sujeito bem deprimido que não leva fé em si mesmo [ah, coitadinho...]
Só pra fazer um resumo da ópera, quem conhece ou já ouviu falar de Helen Shapiro? [uns beeem poucos, creio eu] E dos que conhece os Beatles?[hey, o mundo inteiro não vale...]
Outros artistas já gravaram/interpretaram a canção como The Flaming Groovies e Eva Braun.

Fonte:

http://www.beatlesbible.com/songs/misery/
Helen Shapiro (à esq. de Ringo): esnobada em Misery


Vai uma injeção aí?

Não estamos fazendo campanha de vacinação, pessoal. Foi só um jeito engraçado de começar este post que fala sobre um dos muitos covers que os Beatles tinham em seu repertório, A Shot Of Rhythm & Blues (algo como "injeção de Rhythm & Blues"). A canção, escrita por Terry Thompson, havia sido originalmente gravada pelo cantor americano Arthur Alexander em 1961 como lado B do single You Better Move On [gravada pelos Rolling Stones], tendo chegado à Inglaterra um ano depois. Vale lembrar que o Rock and Roll em seus primórdios era chamado de Rhythm & Blues e o autor da canção deixa bem claro que é ao Rock que está se referindo na letra. Os Beatles, sobretudo John, tiveram em Arthur Alexander uma grande influência para compor seu material próprio. Três canções de Alexander estavam no set list de músicas tocadas no Cavern Club ou outros lugares onde a banda tocava (Shot, Anna e Where Been All My Life). Essa versão dos Fab 4 era muito tocada nos programas da BBC, sendo que um destes momentos acabou sendo registrado no álbum Live at BBC (1994). A canção fala sobre o efeito do Rhythm & Blues sobre uma pessoa ao ouvir as primeiras notas da música, como se tivesse tomado um remédio na veia. Chuck Berry cita o título da canção em seu clássico Roll Over Beethoven [também gravado pelos Beatles] na frase "I got a rock pneumonia, I need a shot of rhythm and blues [tenho uma pneumonia de Rock, preciso de uma injeção de Rhythm & Blues].Veja a letra.
Além dos Beatles, a canção foi gravada por Clyde McPhatterGerry & The Pacemakers, Cilla Black, Johnny Kidd & The Pirates e Suzy Quatro.
Recomendação do médico: quando tudo estiver chato e parado, põe um disco na vitrola [ou cd player, mp3 player, etc.] e tome uma injeção de Rock and Roll na veia.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: vocal principal, baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Arthur Alexander
 Dr. A. Alexander adverte: essa injeção só faz efeito
em quem aprecia o Rock and Roll
  Fonte:

http://www.beatlesbible.com/songs/a-shot-of-rhythm-and-blues/


Pegando carona no Soul

Vamos falar aqui de You Can't Do That, um exemplo de um dos estilos que mais influenciaram os Beatles. A canção foi composta em 1964 para figurar no álbum A Hard Day's Night e como lado B do single Can't Buy Me Love. A levada da canção lembra vagamente Hitchhike [carona] de Marvin Gaye (daí o título do post) e tem uma riqueza rítmica (uso de cowbell e bongôs, baixo bem marcado) e harmônica (o corinho feito por Paul e George) que remete ao tipo de música feita na Motown. John comentaria posteriormente que a canção foi uma forma de homenagear o soulman Wilson Pickett e o próprio Marvin Gaye. Há quem diga que  canção seria parecida com Most Likely You Go Away (And I'll Go Mine) do álbum Blonde To Blonde de Bob Dylan. Essa canção é uma das poucas em que temos a oportunidade de ver John como guitarrista líder, trocando de função com George, que tocou sua Rickenbacker de 12 cordas. A letra é bem lennoniana e fala de um cara extremamente ciumento cuja namorada deu uma vacilada e ele não parece disposto a perdoá-la.  Esse assunto seria retomado depois em Run For Your Life e Jealous Guy, outras duas composições de John. Fora do álbum, os Beatles já interpretaram You Can't Do That umas quatro vezes nos programas que faziam na BBC e em seus shows para divulgação do álbum.
A canção já foi regravada por The Supremes, Vanilla Fudge e Georgie Fame entre outros. Uma versão interessante é a que foi interpretada por Harry Nilsson em seu álbum de estréia e que faz uma apanhado de várias canções dos Beatles, como se fosse um medley.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra líder
Paul: baixo, backing vocals
George: backing vocals, guitarra de 12 cordas
Ringo: bateria, cowbell, bongôs

Cena do filme A Hard Day's Night

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hello Little Johnny!

Vamos aqui falar da primeira composição original de John, Hello Little Girl. e que por acordo feito com o parceiro Paul é creditada a Lennon & McCartney. Consta que John deve tê-la escrito em 1957, quando os Quarrymen ainda eram uma banda recém formada. John, décadas mais tarde teria declarado que compôs a canção inspirado por It's De-Lovely de Cole Porter, que sua mãe Julia costumava cantar para ele. Embora o forte de John fosse os covers que a banda tocava (Elvis, Buddy Holly, Lonnie Donegan), onde ele podia fazer de conta que era um de seus herois, ele tinha uma enorme facilidade de compor a  partir de trocadilhos ou frases inventadas. Por exemplo, ele não conhecia direito a letra de Come Go With Me (Del-Vikings) e emendava frases engraçadas como: "come and go with me to the penitentiary (venha comigo para a penitenciária)". Quando Paul entrou para os Quarrymen, incentivou o novo amigo a compor mais coisas próprias. Foi aí que John mostrou-lhe Hello Little Girl.
Quando a banda se reuniu na casa de Paul em maio de 1960 para ensaiar e gravar num daqueles gravadores portáteis antigos, Hello Little Girl foi relembrada e fez parte do set list. A versão primitiva tinha uma levada que lembrava muito o estilo de Buddy Holly em coisas como Heartbeat ou Rave On. a canção entrou em definitivo para o repertório da banda, embora não hajam outros registros dela (a gravação na casa de Paul acabou se tornando o bootleg Quarrymen At Home, 1960).  Em 1962, quando a banda (ainda com Pete Best na bateria) fez o famoso teste para a Decca Records, eles procuraram fazer um set list bem básico e lembraram de Hello Little Girl de novo. Naquela ocasião, deram uma característica mais rocker para a composição que ficou parecendo com o estilo de Gene Vincent, com John usando um vocal mais enérgico do que na versão primitiva. Recusados pela Decca, contratados pela Parlophone, a capacidade prolífica da dupla para compor material para a banda acabou deixando Hello Little Girl em segundo plano. Uma terceira versão da música teria sido tocada num dos primeiros programas que os Beatles fizeram na BBC em 1962, estando atualmente desaparecida. Como a Parlophone nunca utilizou essa e algumas outras do repertório do teste da Decca, ela foi oferecida para a banda Gerry & The Pacemakers como lado B de How Do You Do It (que os próprios Beatles se recusaram a gravar, preferindo Please Please Me, mas isso é assunto para outro post), chegando a gravar uma demo. Mas a banda preferiu gravar I Like It. nos mais tarde, a versão de Gerry & The Pacemakers acabou aparecendo numa coletânea da banda. Então, foi oferecida para a banda The Fourmost que acabou gravando-a. Este é outro exemplo de gave way song. veja a letra.

Ficha técnica (Quarrymen at Home)

John: vocal principal, guitarra
Paul: harmonia vocal, guitarra
George: guitarra
Stu: baixo

Ficha técnica (Decca Tapes)

John: vocal principal, guitarra
Paul: harmonia vocal, baixo
George: harmonia vocal, guitarra líder
Pete Best: bateria

Hello Little Boys!
Crédito:

http://www.beatlesbible.com/songs/hello-little-girl/

Não deixe o Ringo de lado

Já que no post anterior nós falamos do début de George como compositor nos Beatles, vamos falar da primeira composição de Ringo a figurar num álbum dos Fab 4, Don't Pass me By do White Album (1968). Aí vocês, leitores do blog me perguntam "e quanto a What Goes On?". Sim, essa foi a primeira vez que o Ringo, com uma ajudinha dos amigos John e Paul compôs uma canção mas Don't Pass me By foi a primeira que o nosso querido baterista compôs sozinho. Ringo nunca foi muito de querer seu lugar ao sol enquanto compositor dos Beatles, diferente de George que, ao defender suas composições, acabou evoluindo e muito (seja nos Beatles ou carreira solo). Quando os Beatles começaram sua trajetória na Parlophone, ficou acertado que Ringo teria uma canção para interpretar por disco (nenhuma dele, claro). Muita gente acredita que a canção fora composta em 1968, mas na verdade muito antes disso. Ela foi mencionada pela primeira vez em 14 de julho de 1964 durante o programa Top Gear, um dos muitos que os Beatles faziam na BBC. Na introdução de And I Love Her, perguntaram a Ringo se ele tinha planos de compor alguma coisa para a banda e respondeu que até aquele momento não tinha escrito nada. Paul brincou com ele cantarolando algo como "Dont pass me by, don't make me cry, don't make me blue [não me deixe de lado, não me faça chorar, não me faça ficar triste]. Ringo disse, tempos depois, que pensou nas frases de Paul em casa. Martelando o piano, começou a compor a canção que ficou ignorada até 1968, quando os Beatles começaram a trabalhar no White Album. Naquele instante, John e Paul não estavam tão preocupados em encher o disco com suas composições. Aceitaram tudo o que estivesse disponível para tal. Foi aí que Ringo emplacou Don't Pass me By, que estranhamente foi intitulada como Ringo's Tune e This is Some Friendly.  George Martin, o produtor dos Beatles até compôs uma introdução orquestrada para a canção durante as sessões de Good Night (canção de Lennon & McCartney que Ringo canta no White Album). Acabou não sendo utilizada no produto final, sendo aproveitada em 1996 no álbum Anthology 3 com o nome A Beginning. A bela composição de Ringo, que vai num estilo bem country, chega a ser irônica. A letra fala do sujeito que não quer perder seu amor e ser deixado de lado. Até parece uma súplica aos colegas de banda. A canção também fez parte da famosa conspiração "Paul Is Dead", criada por uns fãs que John Lennon chamava Beatles-Intérpretes. Num trecho, a composição teria citado a forma como Paul havia "morrido": "You were in a car crash/And you lost your hair (você esteve num acidente de carro e perdeu seu cabelo).
Na sessão de gravação, John e George não participam [não se sabe se estiveram presentes] e a banda contou com um músico de estúdio, Jim Fallon (violino).
Não houve versões de Don't Pass me By até 1988 quando a banda americana The Georgia Sattellites fez a sua. A banda-paródia dos Beatles, The Rutles gravou uma canção bem parecida com a composição de Ringo chamada Living in Hope. Existem versões mais recentes interpretadas por The Gourds e The Punkles.

Ficha técnica (segundo o livro The Beatles Record Sessions de Mark Lewinsohn:


Ringo: vocal principal, bateria, sleigh bell, piano
Paul: baixo, piano
Jim Fallon: violino


All Ringo need is Love (and good songs, too)



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Não aborreça o George

No primeiro álbum dos Beatles, Please Please Me (1963) George cantou o cover "Chains" (já falamos da canção num post anterior) e Do You Want to Know a Secret (de Lennon & McCartney). Em With The Beatles, George pela primeira vez contribuiu como compositor. O próprio George falou sobre a canção num depoimento do documentário Anthology: "Escrevi Don't Bother Me num hotel em Bounemouth, onde tocamos no verão de 1963 como um exercício para ver se eu podia escrever uma canção. Estava doente e de cama". A canção fala de alguém que perdeu seu amor e não quer conversar com ninguém sobre isso e pede para que não o aborreçam. Veja a letra.
Desde que entrou na banda em 1958, quando eles ainda se chamavam The Quarrymen, George sempre teve participação ativa no processo de escolha de canções, mas nunca pôde ser um "terceiro" no que se referia à composição de material próprio. Ele co-escreveu algumas músicas com Paul (In Spite of All The Danger e Hey Darling) e uma única com John (a instrumental Cry For a Shadow). George não é muito fã de sua primeira composição: "Não acho que seja, particularmente, uma boa canção entre todas as que escrevi" mas ele próprio reconhece que foi uma forma de manter-se ativo e brigar por pelo menos uma de suas composições nos discos dos Beatles. A levada da canção remete ao estilo de Bo Diddley, o que é evidente na percussão (claves e bongôs).A voz de George foi dobrada dada a insegurança dele na hora de gravar os vocais. Quem chegar a ouvir alguns outtakes da canção vai reparar isso.
Não há uma versões da canção por outros artistas. [Nota do editor: se alguém conhecer alguma versão, por favor, cite-a nos comentários, por favor].
Os Rolling Stones gravaram uma canção chamada Don'tcha Bother Me em seu álbum Aftermath (1966) Há também uma canção de1964 chamada Hey Girl, Don't Bother Me do grupo de soul americano The Tams. Ambas, aparentemente nada têm a ver com a composição de George.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: guitarra rítmica
Paul: baixo, claves
Ringo: bateria, bongôs

Hey, George! Take it easy, man!
Fonte:

http://www.beatlesbible.com/songs/dont-bother-me/
Wikipedia (em inglês)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

I'm Talkin' bout Beatles

O título do post é uma redundância proposital para fazer um trocadilho usando o objetivo do blog (falar sobre os Beatles e o tema a ser mostrado, no caso a canção I'm Talkin' bout You.
A canção foi composta por Chuck Berry em 1961 e lançada em single, tendo como lado B Little Star. É fato que os jovens músicos ingleses foram influenciados por Chuck Berry e os Beatles não ficaram atrás. Tanto é que, no repertório dos tempos de Cavern Club, eles tocavam vários clássicos do mestre (Johnny B. Goode, Rock and Roll Music, Roll Over Beethoven, Schooldays, Memphis, Too Much Monkey Business) e outras peças obscuras dele (I Got to Find My Baby, I'm Talkin' bout You).
A canção, que fala de um cara que está a fim de uma garota (assunto recorrente em algumas músicas de Chuck Berry), fazia parte do repertório regular da banda, embora nunca tenha figurado nos álbuns deles. O registro da versão dos Beatles saiu no semi-oficial Live at Star-Club, 1962 (1977) e em muitos bootlegs da coleção Beatles at the Beeb (registros dos programas de rádio que os Fab e faziam na BBC). Foi a inspiração para a composição do clássico Beatle I Saw Her Standing There do álbum Please Please Me. A canção também foi gravada por The Hollies, The Rolling Stones e The Yardbirds, entre outros. Confira aqui a letra.

Ficha técnica:

John: guitarra rítmica, vocal principal
Paul: baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria


Detalhe do single lançado por Chuck Berry
Fontes:

http://www.beatles-discography.com/songs
http://www.chuckberry.com/music/covers.htm

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Beijando muito

Quem não gosta de dar e receber beijos? Mas aqui não vamos fazer uma dissertação sobre o ósculo e seus efeitos. O tema da vez é o clássico da música latina Besame Mucho, que os Beatles interpretavam em seus shows pré-Parlophone. Para se diferenciarem das demais bandas de Liverpool, os Beatles interpretavam algumas coisas inusitadas como O Sole Mio (canção napolitana que deu origem ao sucesso de Elvis Presley It's Now Or Never) e Besame Mucho. Quando prepararam o set do teste para a Decca Records, os Beatles puseram esta no repertório para tentar causar uma boa impressão quanto ao seu ecletismo, já que possívelmente eles eram uma das únicas bandas jovens a interpretar uma canção tão antiga e fora dos padrões do Rock and Roll. Embora eles tenham sido rejeitados, a boas e velha Besame Mucho continuou firme e forte no repertório. Tanto que fez parte do primeiro teste feito para a EMI pouco antes de fecharem contrato com a Parlophone. Veio o sucesso, eles puseram seu nome na história e no final da década de 60, tentaram uma volta aos bons tempos. E qual canção eles lembraram e até interpretaram? Sim, Besame Mucho! A escolha de Paul como vocalista da música é bem óbvia. Enquanto John tinha um rompante bem rockeiro (vide sua interpretação para covers de Chuck Berry, por exemplo), Paul já fazia as vezes de romântico da turma a la Roy Orbison. Na versão de 1969, que aparece numa das cenas do filme Let It Be, ele canta emulando um daqueles tenores italianos como Luciano Pavarotti. A intro com "cha-cha-boom" também é digna de nota pois, naquela altura do campeonato, ou seja, início dos anos 60, a música latina - em especial, a rumba, o calypso e o cha-cha-cha - fazia a cabeça dos jovens em ambos os lados do Atlântico.

Besame Mucho foi composta em 1940 por uma mocinha mexicana de mal-completados 16 anos chamada Consuelo Velazquez que teve como inspiração Quejas, o la Maja y el Ruiseñor, ária da suite Goyescas do compositor espanhol Enrique Granados. O mais engraçado era que a infante Consuelo nunca havia beijado e o beijo era considerado lascivo e pecaminoso para a sociedade mexicana (e latina como um todo). O tempo passou e Besame Mucho se tornou uma das mais populares canções latinas do século XX e Consuelo uma grande compositora. A primeira versão da canção foi interpretada por Emilio Tuero mas a versão de Lucho Gatica se tornou a mais célebre. O compositor Sunny Skylar escreveu a da música em inglês mantendo o título em espanhol e a cantora americana Josephine Baker foi a primeira a cantá-la nesse idioma. Vieram outras versões, como a da orquestra de Jimmy Dorsey. Nos anos 50, ela foi interpretada por 2 grupos vocais conhecidos, The Flamingos e The Coasters, de onde os Beatles tiraram sua versão.

Enquanto Yesterday é a mais interpretada canção de todos os tempos, Besame Mucho é a canção latina com o maior número de versões, tendo sido gravado por grandes nomes como Frank Sinatra, Dean Martin, Andrea Bocelli, Diana Krall, Trio Los Panchos, Luis Miguel e por aí vai.

Ficha técnica (Decca Tapes e Teste da EMI):

Paul: baixo, vocais principais
John: guitarra rítmica, harmonias (Decca)
George: guitarra líder, harmonias (Decca)
Pete Best: bateria

Ficha técnica (Live at Star-Club e Get Back Sessions)

Paul: baixo, vocais principais
John: guitarra rítmica, harmonias (Star-Club e Get Back)
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Consuelo Velasquez
 
The Coasters







quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Correntes e Biscoitos

Está achando que eu estou viajando na maionese, né? Não entendeu o título? Calma que eu vou explicar. O post vai falar sobre Chains, uma canção que os Beatles gravaram no álbum Please Please Me (1963). Como você sabe, "chains" significa "correntes" (uma parte do título do post você já entendeu). A canção foi composta pelo casal Gerry Goffin e Carole King, uma das mais famosas duplas de compositores dos anos 60, responsáveis por diversos sucessos daquela década como Will You Love Me Tomorrow e The Locomotion, só para ficarmos nas mais famosas. Num post futuro eu falo mais sobre eles. A canção foi gravada originalmente em 1962 pelo trio vocal feminino The Cookies, que significa "biscoitos". Agora entenderam o título do blog?

Os Beatles eram fascinados pelos chamados Girl Groups americanos, sobretudo The Cookies e The Shirelles. Tanto que no repertório da banda antes da fama, eles sempre interpretavam alguns números desses grupos. No álbum Please Please Me, eles gravaram 3 covers de Girls Groups (Chains, Boys e Baby It's You). A versão dos Fab 4 foi gravada em 11 de fevereiro de 1963 e, diferente da versão original, os Beatles adicionaram uma gaita na introdução e George fez os vocais solo.

Mas vamos falar das Cookies. Elas eram o grupo vocal de apoio de Little Eva, uma cantora de muito sucesso nos anos 60 que começou como babá do casal Goffin-King. Dorothy Jones, "Ethel" Darlene McCrea e Beulah Robertson formaram o grupo em 1954. Beulah foi substituída por Margie Hendricks dois anos depois. Foi numa de suas sessões de estúdio que as meninas conheceram Ray Charles que ficou encantado com seu desempenho. Tanto que as convidou como vocalistas de apoio. McRea e Robertson aceitaram o convite e se tornaram, com a adição de Pat Lyles, The Raellettes, as lendárias cantoras da banda de apoio de Charles. Em 1961, Dorothy Jones formou outra "fornada" de Cookies (sacaram a piada?) contando com Earl-Jean (irmã de Darlene) e Margaret Ross. Foi nesse momento que começaram a trabalhar com gente como Neil Sedaka e Little Eva e gravaram seu grande sucesso, Chains. Com a volta de Darlene no lugar da irmã, continuaram atuando como grupo vocal de apoio até 1967 quando fizeram seu último trabalho em estúdio. Dorothy Jones, infelizmente, faleceu em 2010 mas suas companheiras ainda continuam atuando esporadicamente como grupo nostágico.

Ficha técnica:

George: guitarra líder, vocal principal
John: guitarra líder, gaita, backing vocals
Paul: baixo, backing vocals
Ringo: bateria

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A primeira vez

Os safadinhos e safadinhas de plantão que contenham suas mentes contaminadas. Não vamos falar aqui quando os Beatles tiveram sua primeira relação sexual. Isso é um blog de respeito (pero no mucho)!

Vamos falar da primeira vez em que John, Paul, George e Ringo tocaram juntos pela primeira vez. Todo mundo sabe de cor e salteado que o Ringo entrou no lugar de Pete Best em 1962, o que gerou a revolta dos fãs [do Pete, claro] e blá-blá-blá.

Tudo começou, a bem da verdade, em 1960 quando os Beatles se encontraram pela primeira vez com Rory Storm & The Hurricanes, banda da qual Ringo fazia parte. O próprio batera já era "figurinha carimbada" entre as muitas bandas de Liverpool naquela época. Os Beatles tocavam no Indra Club de Bruno Korschmider, em sua primeira incursão em Hamburgo. Quando as autoridades locais fecharam o bar por conta das homéricas brigas qua havia ali, os Beatles iriam tocar no Kaiserkeller, que também pertencia ao empresário. Ao encontrarem Rory e suas roupas coloridas que bem poderiam ter sido escola para David Bowie e quetais, a banda conheceu o baterista barbudo com mecha grisalha [apesar de seus quase 20 aninhos] e muitos anéis nos dedos. De início, acharam Ritchie uma figuraça muito da engraçada, mas ficaram impressionados com seu estilo de tocar. Começaram a andar e beber juntos e começou a haver amizade entre eles. Em outubro de 1960, o empresário Allan Williams, que agenciava os contratos das bandas que tocavam em Hamburgo deu ideia ao baixista Lu Walters, conhecido como Wally, que tocava com Rory Storm, de gravar um acetato numa cabine de gravação instantânea, muito comum na Alemanha naquela época. Williams achava que Walters era um bom cantor e o disco seria uma experiência interessante. Para não bater de frente com o líder dos Hurricanes, Williams sugeriu ainda que Lou chamasse os Beatles como banda de apoio. Isso foi feito e John, Paul e George toparam o negócio. Pete tinha tomado um "chá de sumiço" e Stu estava às voltas com sua namorada Astrid Kirshherr. A saída foi chamar Ringo para tocar com os três Beatles. Claro que Mr. Starkey também fechou com a turma.

No dia 15 de outubro de 1960, nossos herois foram ao Akustik Studio onde graram um acetato com as canções Fever, um grande sucesso da cantora americana Peggy Lee que teve grande êxito cantada por Elvis; Summertime (composição de George Gershwin do musical Porgy & Bess) e a obscura September Song de outro musical e que já havia sido interpretada por nomes como Nat King Cole e Billy Eckstine. Walters bancou a demo tape do próprio bolso e alguns dias foi retirar o disco. O dono do estúdio entregou-lhe por engano um comercial de bolsas de couro(!!). Não se sabe ao certo se Lu Walters conseguiu desfazer o erro e o tal acetato foi perdido. Tudo o que se sabe desse episódio é através de depoimentos de Allan Williams, Paul, George, Ringo e Johnny "Guitar" Byrnes, colega de Walters. Infelizmente, até hoje (passados 50 anos do episódio) essa raridade nunca mais foi encontrada.

Set list:

1. Summertime (George Gershwin-Du Bose Heyward)
2. Fever (Eddie Cooley-John Davenport)
3. September Song (Kurt Weill-Maxwell Anderson)


Ficha técnica (provável)

Lu Walters: baixo, vocais principais
John Lennon: guitarra
Paul McCartney: guitarra
George Harrison: guitarra
Ringo Starr: bateria


Imagem do acetato gravado Foto: http://www.beatlesource.com/bs/mains/other-early.html

Fontes:

http://www.beatlesource.com/
http://www.beatles-discography.com/



















I'll be on my way

Vou inaugurar o blog falando sobre esta que é uma canção obscura para os leigos mas top 10 dos Beatlefans. I'll Be On My Way foi composta por John e Paul e é considerada uma das primeira gave away songs, ou seja, canções cedidas a outros artistas que os Beatles nunca utilizaram em seus álbuns oficiais.

A canção foi gravada em 1963 por Billy J. Kramer with The Dakotas, outra banda empresariada por Brian Epstein que fez parte do advento da Segunda Onda ou Invasão Britânica. Foi lado B de Do Want To Know a Secret, outra canção de Lennon & McCartney, clássico dos Fab 4 do álbum Please Please Me (1963). Nos EUA, foi lado B de From a Window, outra gave away song composta por Lennon & McCartney.

Os Beatles haviam tocado essa canção em 1963 no programa de rádio Side By Side, um dos muitos que faziam na BBC. Ela foi gravada em 4 de abril e transmitida em 24 de junho daquele ano.

A canção fala sobre seguir em frente após uma desilusão amorosa e é inspirada no estilo de Buddy Holly, uma das grandes influências dos Fab 4. Ela lembra um pouco a levada de It Doesn't Matter Anymore.

Existem algumas versões interessantes da canção como a interpretada por The Beatniks, uma banda cover australiana que lançou um disco cantando as gave aways. A dupla Leno e Lilian gravou uma versão em português chamada O Sol se Põe no Horizonte.

A versão tocada pelos Beatles (conhecida dos Beatlefans através de bootlegs) foi lançada no álbum The Beatles Live at BBC (1994).

Ficha técnica:

John: guitarra rítmica, vocais principais
Paul: baixo, vocais principais
George: guitarra líder
Ringo: bateria




Fontes:

Wikipedia


Introdução

Neste blog, vamos contar detalhes sobre as canções dos Beatles (gravações, composições, covers, curiosidades, ficha técnica) sem ficarmos muito presos à didática, numa leitura divertida que pode, claro ser comentada, o que vai enriquecer mais nosso blog.

Let's sing a song, fellas! Let's go!

Os Beatles e George Martin no estúdio - 1968